Situados no coração de Erechim, a curta distância da Praça da Bandeira, encontram-se a Câmara de Vereadores e o lote destinado à sua ampliação. O entorno possui características morfológicas heterogêneas, com volumetrias e estilos diversos. Assim, o projeto torna-se um diálogo entre tempos e espaços diferentes.

O programa extenso e as dimensões exíguas do lote, aliados à limitação de volumetria, nos obrigaram a otimizar espaços, reforçando os gestos arquitetônicos que consideramos fundamentais.

Valorizando o patrimônio existente, mantivemos o acesso principal na Comandante Salomoni. Recuperamos a configuração original do pilotis, conforme perspectiva original do autor que indicava a intenção de um térreo envidraçado. Retiramos a alvenaria externa deste pavimento, aumentando a área de vidro e a transparência desta área com vocação pública. Pela força simbólica deste gesto, evitamos colocar espaços fechados tocando esta fachada. O resultado é um grande saguão linear, onde as funções públicas acontecem naturalmente.

Para a Ampliação, buscamos um edifício silencioso, adequado à escala dos vizinhos e pedestres, respeitoso com o edifício existente e os outros edifícios históricos próximos: um prisma simples que estabelece uma relação discreta com a pré-existência e com a paisagem urbana. Sua fachada principal, protegida da insolação, firma clara menção à arquitetura modernista da edificação antiga, utilizando tecnologias atuais.

Alinhamos os níveis dos pavimentos novos com os existentes, facilitando uma fruição natural dos usuários. Eliminando o apêndice, criamos um núcleo de circulação vertical centralizado para o conjunto, resolvendo as demandas de fluxos separados, as distâncias máximas e a acessibilidade universal. Fazemos uso da quase imaterialidade do vidro para tornar este interstício sutil, evidenciando a separação entre novo e antigo.

A integração dos níveis permite que os usuários acessem o conjunto na Comandante Salomoni e percorram de forma natural um espaço amplo e bem iluminado, onde as funções de atendimento ao público e memorial da Câmara acontecem. Adentrando a ampliação, um café serve como local de acolhimento. Ao fim deste percurso, uma escadaria leva o usuário ao andar inferior, em nível com a Avenida Uruguai, onde encontram-se Plenário e Plenarinho.

O local configura-se como uma praça interna que se confunde com o espaço público, aberta e convidativa ao cidadão, que pode ser explorada para atividades cívicas. O Plenarinho é configurado com divisórias móveis, possibilitando sua completa abertura para esta praça. Uma arquibancada complementa este espaço, criando uma área convidativa para população e funcionários. Quem chega à Câmara por aqui pode optar por ir direto ao Plenário – coração das atividades cívicas municipais – ou subir para o restante do edifício.

Como estratégia de núcleos programáticos, os fundos do pavimento Térreo e todo pavimento superior abrigam espaços de expediente diário dos funcionários, reservados do contato com o público. A criação de um pátio interno possibilitou a disposição de salas de trabalho nas fachadas norte, sul e também voltadas para este pátio, propiciando iluminação e ventilação naturais e muito verde para todos.

Nossa proposta respeita o patrimônio arquitetônico existente, valoriza a paisagem urbana, enriquece o cotidiano dos funcionários e cria um novo lugar de encontro para os cidadãos erechinenses.

O projeto de restauração e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim considera a preservação de um edifício representativo do patrimônio histórico moderno da cidade, enquanto o expande para abrigar novos programas. A intervenção valoriza a relação urbana do edifício com o entorno, resgatando e ampliando a transparência e fluidez do pavimento térreo, um contraponto entre a caixa suspensa e o embasamento sólido, como no projeto original.
Um novo volume programático no lote vizinho reafirma essa disposição espacial – um térreo público entre volume elevado e base – integrando-se de forma respeitosa e equilibrada ao conjunto. Os dois edifícios se complementam por meio de um hiato articulador, que abriga uma torre de elevador e escada em meios-níveis. Essa solução permite a necessária fluidez entre os programas, enquanto reduz a interrupção das atividades da câmara durante a construção da nova ala e reforma do atual edifício.
No edifício antigo, uma escada amarela, de caráter público e aspecto escultórico, conecta o saguão térreo à parte do Memorial no piso superior, onde se destaca o Painel de Carli Testa preservado, mas também garantindo acesso direto ao gabinete da presidência. Já no novo volume, próximo à divisa posterior, o sistema de circulação vertical inclui escadas estratégicas que interligam os 21 gabinetes ao setor do Plenário. Além disso, um corredor em “L” junto à divisa lateral conecta o Plenário e Plenarinho ao Setor de Comunicação, localizado no embasamento do edifício original.
Os 21 gabinetes para vereadores seguem um caráter modular e funcional, enquanto o setor do Plenário ganha pé-direito elevado, adequado às suas funções, e se conecta ao térreo público e transparente. Os Plenários oferecem tanto acesso privativo para os usuários quanto conexão direta com a rua, reforçando o caráter democrático e público do edifício.
Do ponto de vista construtivo, o novo embasamento em concreto armado permite o uso dos subsolos para estacionamento, atividades de apoio, serviços ou depósitos. Esses espaços podem se abrir para pátios ajardinados rebaixados, localizados no recuo frontal e no vazio entre os volumes. Sobre a área envidraçada das plenárias, uma estrutura leve e modular em madeira laminada colada, com tirantes metálicos diagonais, forma treliças alinhadas às divisórias dos gabinetes. Essa solução proporciona os vãos necessários às plenárias e transmite, por meio da arquitetura e materiais, uma mensagem alinhada ao urgente enfrentamento das mudanças climáticas, em resposta a recentes e trágicos acontecimentos no Estado.
A proposta atende às demandas programáticas, técnicas e legais do edital, sem comprometer a qualidade dos espaços ou a poética da arquitetura. O edifício, modular e sistêmico, oferece flexibilidade para ajustes ou adaptação do método construtivo durante o desenvolvimento do projeto, garantindo uma solução que privilegia as relações com a cidade, o espaço público e o meio ambiente.

A proposta de Reforma e Ampliação da Câmara Municipal de Erechim articula-se em um conjunto coeso de valores e conceitos que integram o passado, o presente e o futuro da cidade. A partir de premissas como Coexistência Formal, Volume de Conexão e Grande Praça, o projeto consolida-se como um marco de contemporaneidade, sustentabilidade e acessibilidade, preservando a memória arquitetônica local e dialogando com o entorno urbano e cultural.
O novo edifício foi planejado para respeitar a malha urbana de Erechim, ajustando-se à escala do entorno e reforçando a continuidade entre a cidade e o espaço institucional. A Grande Praça, no acesso principal, age como um ponto de convergência entre cidadãos e a Câmara, simbolizando a abertura e o acolhimento do espaço público. Elementos como revestimentos amadeirados e tons amarelos fazem referência ao legado cultural de Erechim, especialmente ao “Bota Amarela”, símbolo da diversidade étnica da região. Essa identidade cultural é materializada na arquitetura, promovendo pertencimento e integração.
A proposta destaca-se por suas soluções inovadoras e sustentáveis, alinhadas às demandas contemporâneas. A incorporação de energia solar, sistemas de captação de água da chuva e telhados verdes transforma o edifício em um exemplo de eficiência energética. A ventilação cruzada e o aproveitamento máximo de iluminação natural reforçam o compromisso com a sustentabilidade, reduzindo o impacto ambiental da construção.
A fachada envidraçada da nova edificação traduz o conceito de permeabilidade, permitindo que as atividades legislativas sejam visíveis do exterior e promovendo a aproximação entre a população e seus representantes. Essa relação é complementada pelo Volume de Conexão, um espaço de leveza arquitetônica que simboliza acessibilidade e integração. Internamente, a organização clara e funcional permite fluxos livres e eficientes, com áreas como o café, o memorial e o plenário projetadas para múltiplos usos, adaptando-se a eventos culturais, audiências públicas e sessões legislativas.
A acessibilidade universal foi um pilar essencial do projeto, com rampas, passarelas e elevadores que conectam todas as áreas de forma inclusiva. A Grande Praça, junto às arquibancadas e jardins, torna-se um espaço de convivência central que convida à ocupação cotidiana. Essa integração entre áreas internas e externas reforça o vínculo entre a Câmara e a comunidade, incentivando a participação e a interação.
Respeitando a volumetria e a materialidade do edifício modernista preexistente, o novo projeto estabelece uma relação de continuidade e equilíbrio. A implantação cuidadosa garante que a hierarquia visual seja mantida, preservando o protagonismo do centro histórico de Erechim. Assim, o edifício não apenas se insere no tecido urbano, mas também fortalece o papel da Câmara como um espaço democrático, acolhedor e sustentável para a cidade.

O projeto para a Nova Câmara de Vereadores de Erechim pretende valorizar o edifício existente através da construção de uma nova edificação anexa, que por sua vez, deve atender as demandas contemporâneas de funcionalidade e conforto. Um dos principais desafios do projeto está na relação entre as construções. Portanto, a proposta estabelece como diretriz um diálogo respeitoso entre o novo e o antigo, no campo da linguagem e da técnica.

Como forma de valorizar a edificação existente, a proposta mantém o acesso principal através da Rua Cmte. Salomoni. O projeto abraça e valoriza um acesso confortável, com um recuo generoso, próximo a prefeitura e em uma via de fácil acesso de pedestres.

A entrada fluída e inclusiva pelo prédio modernista ganha caráter histórico, e por isso, foi batizada como “Galeria Memorial”, dedicada a história de Erechim. Esse espaço, funcionando como um túnel do tempo, permite uma imersão no passado da cidade, promovendo o senso de pertencimento e engajamento com o patrimônio local. A Galeria fortalece a consciência histórica e a valorização do patrimônio coletivo.

A recepção, já situada no prédio novo, cumpre sua função de acolhimento, organiza a circulação de maneira eficiente e oferece acesso direto em nível à arquibancada superior do plenário. Para proporcionar um espaço de convivência, há também um café neste pavimento, criando um ambiente acolhedor e de interação social.

Adjacente à recepção, um núcleo central – que substitui as escadas e elevadores anteriormente presentes no edifício moderno – integra os diferentes níveis do prédio, abrigando sanitários, elevadores, escadas adequadas e shafts para instalações. Esse núcleo central não só facilita a circulação, mas também possibilita a manutenção e a modernização das infraestruturas do edifício.

Nos pavimentos superiores, encontram-se os gabinetes dos vereadores, com vistas para um pátio central que promove ventilação cruzada e conforto térmico. O pátio, localizado na cobertura do plenário, também contribui para a iluminação natural dos ambientes.

Na cota inferior, está o plenário principal, com capacidade para 200 pessoas, totalizando 300 lugares para o público. O plenário é estruturado em dois níveis, permitindo maior proximidade com as sessões. Este nível também abriga a mesa dos vereadores e as salas auxiliares para atividades legislativas.

O projeto destaca a importância do plenário, localizado no coração do edifício, com uma disposição central que reforça seu papel simbólico e funcional. No primeiro subsolo, há uma área de armazenamento, e abaixo das salas anexas, um "plenarinho" para reuniões menores, conectado a um jardim, proporcionando um ambiente mais íntimo. O segundo subsolo é destinado à garagem, com 21 vagas cobertas, além de preservar as vagas externas do projeto original.

Em resumo, o projeto da Câmara de Vereadores de Erechim reflete a evolução da cidade e seu compromisso com as gerações futuras, destacando os pilares da convivência, transparência e integração. Ele não apenas preserva a identidade histórica do edifício, mas também oferece soluções modernas para atender às necessidades da cidade e de seus cidadãos.

Concurso Público – Reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim
SOBRE O PROJETO
A proposta para a reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim parte do princípio de que a intervenção arquitetônica deva levar em consideração o papel central do órgão no cotidiano legislativo e administrativo da cidade e a participação democrática dos cidadãos nas atividades da câmara, garantido o acesso e a interação entre a comunidade e os servidores públicos. Entende-se que o projeto deva garantir que a atual edificação sede da câmara tenha suas características originais preservadas e recuperadas uma vez que representa parte da memória cultural de Erechim e de todo um movimento da sociedade que ali ocorre e cuja atuação se reflete sobre o município. Dentro dessa mesma ideia, a proposição para o novo prédio anexo à pré-existência deve, além de respeitar sua história, equilibrar as relações com o contexto atual no qual se insere, tanto na tentativa de dialogar adequadamente com as demais edificações de seu entorno como também para tornar clara sua contemporaneidade.
A partir dessa abordagem inicial foram traçadas algumas diretrizes que levam em consideração as particularidades do programa a ser distribuído e algumas particularidades da edificação histórica. Buscou-se criar um alinhamento formal com a preexistência através da simplicidade volumétrica e das outras características modernistas. O prédio anexo possui linhas retas e puras, visíveis principalmente nos planos verticais em concreto armado que arrematam a nova fachada. Explorou-se o uso da estrutura aparente, com pilares soltos nos espaços, tirando partido do seu aspecto natural. Um brise em malha metálica proposto para a fachada noroeste permite explorar e controlar os efeitos da luz e imprime um ar atual para o projeto.
O programa de necessidades do projeto é extenso e se articula entre o edifício histórico e sua ampliação. Na edificação existente há um nível de subsolo e mais dois pavimentos superiores, onde o acesso ao térreo ocorre pela rua Comandante Salomoni. A edificação anexa possui dois níveis de subsolo, um pavimento térreo inferior, cujo acesso se dá pela rua Uruguai e mais três andares superiores. De uma forma geral o projeto atua na intenção do bom diálogo entre o antigo e o novo e de suas relações. As estratégias de organização do amplo programa priorizaram a conexão entre ambas edificações e o acesso facilitado.

Reforma e Ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim/RS: Um espaço para a transparência e o pertencimento público
A reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim representa um marco na relação entre a população e o poder legislativo, buscando ressignificar o espaço, unindo história e inovação, criando um ambiente acessível, transparente e que fortaleça o sentimento de pertencimento dos cidadãos. Ao preservar o edifício modernista existente e integrá-lo a uma nova edificação, a proposta equilibra a valorização do patrimônio arquitetônico com a adaptação às demandas contemporâneas.
O edifício modernista original possui relevância arquitetônica e cultural incontestável, sendo um marco na memória coletiva da cidade de Erechim. Sua preservação não é apenas uma medida estética, mas uma escolha consciente de respeitar sua história e seu papel simbólico para a comunidade. Por essa razão, a decisão de manter o plenário no edifício original é central no projeto. O plenário é o coração das atividades legislativas e ponto principal de contato entre Poder e cidade, assim, ao permanecer no prédio histórico reforça sua importância como sede simbólica e funcional do poder legislativo.
Destacando a relevância do edifício existente, alinhado ao conceito de convidar o público a se apropriar do espaço e fazer do térreo uma extensão da cidade, o projeto resgata as características originais da fachada do projeto, incluindo um novo acesso principal. Este conduz diretamente às áreas destinadas ao atendimento público, sendo estes ambientes envoltos pelo saguão, o qual também atua como memorial, permitindo aos visitantes vivenciar a história do lugar de forma imersiva e acolhedora, reforçando o vínculo dos cidadãos com o espaço e destacando o papel da população na construção dessa história.
Já a nova edificação proposta tem como principal objetivo abrigar os gabinetes dos vereadores e demais funções administrativas, além do plenarinho, convidando o público a ocupar e se apropriar também deste espaço, integrando-o ao conjunto e criando um novo acesso que reforça a conexão com a comunidade, reforçando o princípio de que as decisões legislativas devem estar ao alcance do cidadão. A arquitetura da ampliação busca dialogar com o edifício existente, respeitando seu ritmo e caráter, mas ao mesmo tempo introduzindo elementos e técnicas construtivas contemporâneas. Fachadas com elementos vazados e transparentes permitirão que a movimentação interna seja visível, materializando o compromisso do poder legislativo com a clareza e o acesso público. Essa transparência não é apenas física, mas também simbólica, enfatizando que o trabalho legislativo está aberto ao acompanhamento e à participação da população.
Assim, o projeto vai além de uma intervenção física: representa uma transformação na relação entre o poder público e a população. O respeito ao edifício modernista, a introdução de novas soluções arquitetônicas e a criação de espaços integrados reafirmam o compromisso com a memória, a transparência e a inclusão.
Esse projeto celebra a história e projeta o futuro, oferecendo à cidade de Erechim uma Câmara que não é apenas um lugar de trabalho legislativo, mas também um espaço de pertencimento, participação e acolhimento para todos.

A cidade é o espaço físico onde se executam os princípios democráticos. A materialização ética da vida em coletividade se constrói no tecido urbano, prontamente disposto a adentrar o domínio de cada edifício.

Estes, por sua vez, inegavelmente amparam e decodificam o espírito comum em uma sequência de tempos, sedimentando espacialmente os princípios de um genius loci. Em torno deste complexo diálogo entre justaposição e conflito de arquiteturas se organiza a cidade, imagem e espelho de uma sociedade.
O edifício legislativo é, por concepção, a manifestação física dos princípios que subsidiam a vida pública. Este é um ponto dado, inequívoco: reside, aí, a responsabilidade em torno de sua concepção. A forma com que opera dentro desta lógica espacial acaba, por bem ou por mal, por sedimentar as geratrizes do vetor onde aponta a vontade comum.

Se o edifício subsidia o conjunto de vontades dos agentes que constituem a cidade, é imprescindível que ofereça recursos que não consensualizem, mas que catalisem diálogos na esfera urbana. Há, portanto, a necessidade de se absorver pela arquitetura do novo conjunto proposto o domínio da cidade e submetê-lo ao coletivo: torná-lo fractal, análogo, constituir amparos para inflamar múltiplas – e possivelmente novas – semânticas do campo comum.

Enraizar a arquitetura pública sobre a espessura histórica do território, evitando arbitrariedades, é uma operação que requer sensibilidade de reconhecimento, questionamento e absorção. O conjunto proposto estende e amplia os gestos de capacitação da esfera popular propostos pela arquitetura existente, manipulando o léxico projetual proposto como meio de consolidar o caráter público do espaço.

O edifício anexo, frente ao projeto de Maffessoni, atua de forma consonante como arqueólogo e catalisador das qualidades do espaço construído. Sua elevação se desmolda do edifício existente, palpabilizando a atmosfera de conjunto em um ideal constitucional. Não somente vinculado ao edifício existente, vincula-se ao tecido urbano, entendendo como patrimônio o conjunto de sensibilidades intrínsecas ao lugar e ao arquitetônico dentro da cidade e buscando neles desejos comuns a serem dilatados. Valorizam-se, assim, as operações arquitetônicas que imprimem nos edifícios os processos de integração, buscando na memória o apoio necessário para sua integração efetiva à cidade.

O conjunto, quando instituído, pretende conformar em sua totalidade um complexo espacial que opera no campo do coletivo e se utiliza dessas qualidades como forma de organização do programa - que se torna subtração mediada pelo não-programa. Os espaços comuns, balizados pelas múltiplas vitalidades do tecido público, adquirem autonomia, criando articulações internas e construindo urbanidade própria, liminar entre interno e externo. Os ambientes utilizam da emulação da esfera popular - as ruas e as praças - garantindo que o fluxo do edifício seja contemplado pelo espaço público e que haja interface comum entre povo e sujeitos legisladores, para que suas atividades políticas sejam reafirmadas como práticas coletivizadas.

O conjunto da Câmara Municipal de Vereadores de Erechim constitui, dentro de si, extensão de um patrimônio amplo – citadino, edilício e coletivo, expandindo a esfera pública e garantindo o exercício da legislatura como componente material da cidade.

Uma Câmara transparente, aberta, que representa, ampara e espelha a sociedade. Um prédio integrado, permeável, aberto como espaço público, escancarando que o local de trabalho pode qualificar a vida das pessoas nos edifícios, na cidade, em nosso cotidiano.
Com a possibilidade de ampliação da Câmara, a primeira etapa foi desenvolver uma revitalização no prédio antigo estabelecendo um programa funcional para receber parte do programa, garantindo uma identidade que concilia sua localização urbanística, espaços internos, abertura ao público e pela ideia de ampliação do complexo.
A disposição possibilitou uma nova utilização dos espaços: no nível térreo, o salão com pé direito duplo, garantiu uma nova articulação entre todas as funções, liberta da rígida planta original. No vazio central foi criado uma abertura na cobertura composta por uma claraboia plana para trazer uma iluminação e ventilação natural mais abrangente no interior do edifício.
A nova sede irá suprir a necessidade da instituição por mais espaço, mas certamente deverá ser muito mais do que isso. Ela nasce, sobretudo, da vontade de se criar um lugar que represente os valores e que transmita o espírito de um órgão público.
Como partido, a solução encontrada foi transferir o acesso principal para a conexão entre as duas edificações, concebendo um grande hall urbano onde o nível da Avenida Uruguai se converte em extensão da calçada, conduzindo o visitante para um espaço totalmente amplo, ancorado por uma praça interna ao edifício, fazendo assim, com que o acesso da edificação antiga (Rua Comand. Salomani) se torne um acesso secundário, específico, com caráter nostálgico.
O térreo em si foi transformado em conexão entre as duas edificações, através de uma praça de convívio e distribuição, funcionando como um grande espaço de encontro dedicado à população, moldado como parte da cidade e aberto ao público para trazer mais conexão entre instituição e pessoas. O plenário está estrategicamente localizado um nível abaixo do térreo, para preservar sua autonomia, mas ao mesmo tempo, trazendo a permeabilidade visual necessária para que as pessoas sejam motivadas a participar com mais destreza das discussões previstas para a cidade. Por outro lado, ao longo da fachada principal, uma rampa contínua permite que um andar flua entre um e outro, criando também um passeio no qual o visitante vivencia a integração entre legislativo e cidade.
A espacialidade do novo edifício da Câmara é dada e percebida sobretudo a partir dos vazios do prédio, com os espaços de circulação que se espalham entre os volumes. Da mesma maneira, a luz que toma conta desses espaços carrega com ela o rastro da cidade, trazendo para o interior as relações da cidade que está a sua volta.
Construtivamente a arquitetura será leve, baseada em sistemas racionalizados e compostos por elementos industrializados. Uma expressão da maneira de construir, muito mais como uma montagem do que uma construção na acepção convencional do termo.
Como premissa para sustentabilidade, a captação das águas da chuva, utilização de energia solar e cisterna para reuso da água serão itens que irão compor a parte técnica da proposta.

A nova Câmara de Erechim conectará passado e presente por meio de um edifício contínuo altamente respeitoso para com o entorno, as pessoas e a cidade.
O edifício anexo alinha-se ao gabarito existente e sua implantação qualifica o novo lote, otimizando e redistribuindo espaços de trabalho entre os edifícios novo e existente e implementando departamentos com postos de trabalho flexíveis e salas para reuniões on-line, tendo em vista a tendência crescente de equipes menores e mais eficientes, e por vezes colaborando remotamente.

Propõe-se um edifício vivo e ativo diuturnamente, o anexo possuirá grande permeabilidade visual e sua fachada utilizará perfis translúcidos de vidro-autoportantes em “U”, garantindo alta-eficiência energética e térmica ao longo dos anos e reforçando a ideia de transparência das instituições, ativando o entorno e permitindo aos transeuntes que acompanhem de forma sutil e indireta o dia-a-dia de seus representantes. À noite, o edifício se acende, tornando-se uma verdadeira lanterna urbana.
A fachada existente será requalificada; equipamentos de ar-condicionados realocados para a cobertura e o letreiro externo retornará à posição original na fachada longa; o painel artístico existente será restaurado e passará a compor o novo “plenarinho”.

O anexo contará com uma praça-pública acessível lateralmente a partir da avenida Uruguai, permitindo que visitantes acompanhem sessões do plenário sem atravessar as premissas da Câmara. Essa praça elevada localiza-se no mesmo nível do acesso principal, na cota +0.60m, e conta com um foyer de acesso, um café aberto ao público que também serve à Câmara e um espaço guarda-volumes-casacos junto à portaria de cadastramento e acesso ao plenário.

Gabinetes terão suas áreas repensadas para incluir uma varanda-jardim, para descompressão e melhor controle térmico, permitindo aproximar a edificação da divisa do terreno, respondendo aos requisitos do edital e considerando os terrenos individualmente, porém prevendo futura unificação dos lotes.
Considerou-se um ajuste nos espaços cujo programa incluía profissionais sentados constantemente ao longo do dia, de forma a fomentar um estilo de vida mais saudável, produtivo e eficiente para os legisladores e seus assessores.

A cobertura do anexo contará com uma horta-urbana para produção recreativa de alimentos para consumo local e realização de atividades integradas com os membros do legislativo, funcionários e suas famílias, permitindo também a realização de visitas guiadas. Estes espaços verdes funcionarão como reguladores térmicos durante o verão e inverno, e aumentarão a eficiência das condensadoras de ar-condicionado ali presentes.

O sistema construtivo foi pensado para mitigar o impacto ambiental e reduzir o consumo energético da obra, fazendo uso predominante de materiais recicláveis como o aço e componentes padronizados e pré-fabricados. O sistema de vigas metálicas e lajes tipo steel-deck diminuirá custos e tempos e aliviará o peso da estrutura, que reduzirá o volume das fundações, contribuindo para uma menor quantidade de terra retirada. O subsolo único fará uso do desnível existente e contará com vagas para veículos elétricos, bicicletário e fará uso de tecnologias para otimização das demais vagas, por meio do empilhamento hidráulico de até dois veículos. Externamente, serão suprimidas as vagas existentes e criados novos jardins laterais.

Localizada na área central da cidade, o edifício da Câmara Municipal de Vereadores de Erechim encontra-se em um local de convergência e fácil acesso dos munícipes. O prédio existente possui uma frente generosa aberta para o espaço público, que foi mantida na proposta como entrada principal do conjunto, com a intenção de transformar a Instituição em um local mais atrativo para a comunidade, convidando-a a entrar, conhecer e participar da vida sociopolítica do município.
As intervenções no edifício existente visam reestabelecer a volumetria e elementos da fachada como a escada externa, pilares e caixilhos. Para valorizar o caráter histórico do prédio é importante restaurar suas características originais, com a remoção de todas as instalações sobrepostas às paredes externas, assim como a demolição do fechamento em vidro e escada que dá acesso ao pavimento superior, elementos que encobrem o desenho inicial do edifício. Nesse mesmo sentido estamos propondo a remoção das vagas de estacionamento no recuo junto à Avenida Uruguai para recuperação do jardim e requalificação da envoltória do prédio.
Internamente procuramos manter em espaços abertos ao público, a escada para os demais pavimentos e o Painel artístico criado por Harrysson de Carli Testado em 1981 no plenarinho.
A proposta prevê uma clara setorização das áreas de livre acesso ao público e dos espaços de acesso controlado. Através da entrada principal o visitante e servidores acessam a edificação passando pelo saguão / memorial, onde também estão localizados o café, a recepção, áreas de espera, salas de protocolo e ouvidoria, sanitários públicos e a escada que leva ao Plenarinho (piso superior) e ao Plenário (pavimento inferior).
O acesso aos ambientes administrativos e gabinetes se dá através de catracas no térreo. A circulação vertical (elevadores e escadas) foi prevista no elo entre o existente e a ampliação, no local onde existe o anexo que deverá ser demolido. Para que a integração entre os blocos ocorra de forma plena, os pavimentos precisam ser nivelados através do rebaixamento e enchimento dos pisos existentes.
Foi previsto um acesso lateral na Avenida Uruguai para garantir uma segunda saída de emergência para o plenário, em atendimento as exigências do Corpo de Bombeiros. Esse acesso também pode ser utilizado socialmente, se assim for necessário e conveniente.
Ainda para atendimento à legislação, a proposta prevê a demolição do elevador existente para garantir mais uma saída de emergência. Um acesso exclusivo de serviço foi previsto junto à rampa do estacionamento.
No 1º subsolo, estão os ambientes de informática, armazenamento, serviços e áreas de apoio. Em função do declive do terreno alguns ambientes contam com caixilhos que garantem iluminação e ventilação naturais. No 2º subsolo está o estacionamento, sala dos motoristas, e áreas técnicas para o sistema de esgoto e de retardo e aproveitamento de água de chuva.
Os gabinetes dos vereadores estão nos pavimentos térreo e superior. Como a proposta se utiliza de paredes em LSF em lajes de planta livre, a adequação futura do layout é viável, sendo assim, a princípio foram considerados 17 gabinetes para atendimento da demanda atual.

A presente proposta busca destacar e valorizar o patrimônio histórico e cultural do contexto que envolve a Câmara de Vereadores de Erechim/RS. O conjunto formado pelo edifício modernista original, de 1960, e pela nova edificação anexa atende rigorosamente às premissas estabelecidas no Termo de Referência do concurso, considerando tanto os aspectos conceituais e estéticos quanto o programa de necessidades.
O edifício modernista estabelece uma relação sutil e elegante com o prédio da prefeitura, apropriando-se de elementos compositivos formais, como a escadaria e a colunata da entrada principal, além das janelas verticais e das amplas superfícies brancas da fachada. A proposta de restauro e ampliação busca valorizar a edificação original por meio de uma volumetria propositalmente neutra, cujas proporções, cores e formas respeitam e realçam a preexistência.
O edifício original teve suas fachadas quase integralmente preservadas, assim como o saguão de entrada com seus pilares em destaque e as estruturas das escadas internas. A conexão entre as duas edificações ocorre por meio de um volume envidraçado na nova caixa de escada, recuado em relação a ambas as construções.
O edifício modernista é composto por três pavimentos: um pavimento semienterrado, o térreo e o superior. Já o edifício anexo conta com um subsolo para garagem, um pavimento semienterrado, o térreo e dois pavimentos superiores, totalizando quatro andares. A integração entre os pavimentos das duas edificações é feita por pequenas rampas, que compensam os ligeiros desnivelamentos. Essa configuração permitiu acomodar todo o programa de necessidades de forma fluida, com circulações bem definidas e ambientes naturalmente iluminados.
Um vazio central na nova edificação organiza e orienta todo o funcionamento do programa, tornando a leitura dos ambientes intuitiva e imediata. A mesa diretora do plenário ocupa o grande vazio central, acompanhado por um móbile escultural composto por placas absorvedoras de som. O layout do plenário é flexível, permitindo seu uso também para eventos e exposições. As divisórias internas serão especificadas conforme a necessidade de tratamento acústico em cada ambiente. As empenas em concreto funcionam como shafts verticais, visitáveis, que abrigam diversas instalações, incluindo a captação de águas pluviais para um reservatório subterrâneo integrado.
Na nova edificação, a estrutura metálica é ancorada nas empenas de concreto, com vigas invertidas na cobertura suportando cabos/tirantes, completando o sistema e permitindo plantas livres nos pavimentos superiores. A modulação, tanto longitudinal quanto transversal, foi planejada para racionalizar a construção e organizar a distribuição do programa, reduzindo perdas de materiais.

CONCEITO
Durante a concepção do projeto arquitetônico da Câmara de Vereadores de Erechim, tivemos a preocupação de compreender o significado e a importância dessa edificação para a população. Por se tratar do local onde são legisladas as leis da cidade, entendemos que é fundamental que esse edifício seja um espaço convidativo para a população. Logo, buscamos trazer os cidadãos para a edificação, tornando-a o mais transparente possível. A facilidade de acesso e a relação espacial dos ambientes de uso público foram condicionantes do partido arquitetônico. Considerando que a edificação preexistente faz parte da memória coletiva da população e reconhecendo sua relevância arquitetônica, tivemos o cuidado de preservá-la, integrando-a ao novo conjunto como elemento protagonista. O edifício de 1960 tem clara referência a arquitetura moderna, logo, buscamos uma proposta que estabeleça um diálogo com seus princípios originais.

| PROPOSTA
O extenso programa pareceu ser um limitador na criação de espaços generosos com a característica que pretendíamos. Para maior aproveitamento do existente, buscando gerar espacialidades importantes, condizentes com o programa, optamos em subtrair a atual laje de cobertura e aproveitar o grande pé-direito para novos dois pavimentos. Cada pavimento com 2,60 metros, tendo o último recuos laterais e altura máxima igual ao prédio vizinho. Com os recuos e a altura limite respeitada, o novo pavimento não apenas dialoga com a pré-existência, como também serve de coroamento e conector da edificação existente com a nova. Além disso, os níveis dos pavimentos da edificação nova e da antiga ficaram compatibilizados. Outra estratégia utilizada foi a demolição do anexo do prédio existente, proporcionando a possibilidade de interligação do edifício a ser construído com o existente através de um átrio.

Essa ocupação nos dois últimos pavimentos permitiu liberar o pavimento térreo, que possui um pé-direito maior. Nesse espaço, propomos um passeio de acesso principal — promenade — que conduz o usuário de forma fluida até o átrio. O átrio, por sua vez, funciona como elemento de conexão entre as edificações, reforçando a integração entre a prexistência e a ampliação. Este promenade é constituído por uma suave rampa circundado por pilares e plano de vidro, gerando a transparência pretendida. Dada a importância do plenário, ele está localizado no novo terreno na mesma cota do pavimento térreo, recuado da testada principal em forma curva, com a continuidade da permeabilidade visual do pavimento térreo, permitindo sua visão desde o exterior.
Além das espacialidades pretendidas, a setorização do programa foi prerrogativa no projeto. O pavimento térreo recebe todas as áreas de acesso do público com total transparência, sendo complementado pela galeria situada no átrio e a possibilidade de acesso ao café e plenarinho, no pavimento inferior. Já nos pavimentos superiores (segundo e terceiro) possibilitou a concentração de todos os espaços de trabalho dos vereadores, diretoria e presidência, com acessos controlados. O pavimento do subsolo existente recebe o acesso restrito dos vereadores e funcionários das áreas complementares de apoio. Um novo subsolo foi proposto para o uso de estacionamento e áreas pertinentes.

A reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim adotam conceitos e soluções que visam respeitar o edifício modernista existente, criando uma conexão harmoniosa e transparente com o anexo ampliado. O caráter democrático que o programa de atividades inspira foi determinante para a configuração de um partido de projeto que se inicia no espaço público. A praça como elemento ordenador da proposta é uma resposta para diversas determinantes de projeto, como: espaço multiuso, permeabilidade visual e espacial, edifício de referência. Partindo de um terreno com declividade acentuada, a continuidade da rua rampeada para dentro do projeto permite que a fachada da edificação se transforme em dois níveis distintos, promovendo a ampliação do acesso e a fruição pelos espaços. Diante das diretrizes a serem cumpridas, os desafios de ocupação, circulação, ventilação e insolação foram solucionados a partir da distribuição do programa segundo níveis de acesso e restrições, e aproximações entre atividades. A proposta prevê um único núcleo de circulação vertical e áreas molhadas, otimizando a infraestrutura do conjunto e fortalecendo a conexão entre as edificações. O elevador existente foi mantido, possibilitando a carga e descarga de áreas de armazenamento e apoio. A edificação existente concentrou o programa administrativo e de apoio, ordenando um acesso voltado aos servidores e colaboradores desses setores. Na edificação anexa, foram projetados os espaços de atendimento ao público, espaços de assembleia e áreas destinadas ao legislativo. Representando um espaço convidativo e transparente, o auditório do plenário se abre para a praça, podendo ter sua área ampliada a partir da reconfiguração de sua plateia. A fim de solucionar as grandes empenas cegas que configuram as laterais do edifício anexo, a proposta prevê um mezanino que extravasa o saguão e memorial, permitindo a melhor ventilação dos espaços superiores. No último pavimento, onde estão concentradas as salas dos vereadores, a estratégia utilizada para manter o fluxo de ventilação e iluminação naturais é uma cobertura leve em shed que gera conforto e economia com a luz da manhã. As fachadas frontal e posterior servem de corredor para luz e vento, sendo a principal, protegida por um brise metálico perfurado, e a posterior, por ter orientação sudeste, projetada com panos de vidro contínuos. A tônica na utilização de aberturas, rasgos e vidro responde às demandas do espírito público do edifício, de questões de ventilação e iluminação naturais, economia e sustentabilidade. A proposta prevê que todos os seus espaços sejam acessíveis ao público e conta com captação de água de chuva, reservatório de reuso de água e painéis fotovoltaicos. O sistema construtivo misto, com uso de lajes nervuradas, lajes em concreto moldado em loco e vigas metálicas, traz robustez e ao mesmo tempo leveza e praticidade. Visando exequibilidade e economia, a obra se divide em duas fases, sendo o anexo e parte do núcleo de circulação vertical a primeira, e a reforma do edifício existente a segunda. Através de coesão, economia e articulações espaciais harmoniosas, a proposta se abre para a cidade como um convite à fruição da vida pública.

O espaço, não qualquer espaço, aquele espaço que possui a carga simbólica de um poder;
O poder, não qualquer poder, aquele poder que de forma democrática melhor representa a diversidade de uma sociedade;
A sociedade, não parte dela, mas toda que é quem efetivamente utiliza os espaços públicos ao longo de sua existência no tempo;
O tempo, não para qualquer tempo, aquele que molda o espaço, o poder e a sociedade.
A proposta, a partir destas premissas, busca para a Câmara de Vereadores de Erechim uma implantação que identifique tendências de transformações do entorno, buscando ser parte de um desenho urbano adequado e controlado em termos de paisagem urbana, em uma área sensível e simbólica de uma cidade. Permite, no nível do térreo, o protagonismo do pedestre, com a adequação da Av. Uruguai em seu desenho e nivelamento do passeio público, interligado a transições dos pavimentos edificados no nível das ruas de aproximação, acolhida e transição, cria uma possibilidade de passagem de pedestres que delimitará, com sua continuidade, as áreas públicas do entorno e a valorização e destaque de edificações de interesse histórico das vizinhanças, buscando encurtar as distâncias para quem escolhe caminhar pela cidade. Proposições estas, na escala do desenho e paisagem urbanos.
Em termos de proposição volumétrica, o protagonismo do prédio existente, com seu valor histórico e arquitetônico, é ressaltado. Ele é o local das necessidades cotidianas do cidadão, do atendimento necessário do setor público. Do lugar representativo do poder legislativo, do cidadão que está momentaneamente em cada mandato personificando esse papel. É também o lugar simbólico, próximo da praça central de Erechim, dos outros poderes. É a “frente”, a cara, a figura!
Atrás de toda figura existe o fundo. Neste lugar, na ampliação dois grandes volumes com funções diversas compõem o conjunto. Um primeiro, nos níveis inferiores, com os grandes espaços de acúmulo de pessoas e de uso eventual e diversificado, que servirão à Câmara e a todas atividades culturais e formativas que precisam desta escala espacial. O segundo, elevado e deslocado do primeiro e assim gerando espaço aberto e público em nível da rua, é a moldura aparente, o novo fundo que esconde a parede cega que a sociedade permitiu construir e qualifica a paisagem urbana. É textura dos espaços que se repetem de cada gabinete de vereador, demonstram que cada espaço tem igual valor, e que buscam mesmos ideais para a sociedade que representam. Rompe-se a textura com locais para a conversa, a interação, o entendimento, o olhar a paisagem da cidade que constantemente é construída nas decisões deste lugar.
Nos interiores, o espaço transparente sempre que possível, incita a divulgação das decisões, o conhecimento por todos dos assuntos aí tratados, mas também busca a criação de uma identidade, uma amarra entre o antigo e o novo edifício. Traz luz natural para o interior dos espaços e repetição de elementos em uma racionalidade, que antes de tudo é representatividade da sociedade de Erechim.

A nova estrutura anexa deverá abrigar os espaços administrativos, enquanto o edifício histórico e simbólico abrigará, além do acesso público e principal, os espaços decisórios do plenário.
Para isto a estrutura original e suas fachadas serão integralmente recuperadas com a eliminação de todos os acréscimos realizados nos últimos 50 anos. Os novos espaços serão amplos e contínuos, sendo os novos ambientes conformados por divisórias leves e, sempre que possível, transparentes.
O anexo se trata de uma lâmina com 4 pavimentos, em concreto armado, implantada no limite do lote disponível e que se adere à empena cega do edifício habitacional existente, evitando que esta fique indevidamente aparente. Sua largura de 12 metros permite conformar um afastamento de 7,15 metros do edifício histórico, liberando uma faixa de iluminação, ventilação e reverência, sublinhando a existência de ambas as estruturas: a histórica e o anexo contemporâneo.
Desta forma, pode-se afirmar que a lâmina anexa é um edifício genérico e neutro, que não compromete o edifício histórico. Além disto, por serem espaços de trabalho, imagina-se uma estrutura modular, pisos elevados que admitem o cabeamento estruturado e redes elétricas, o forro dotado de rede de iluminação e climatização. tornando todos os espaços flexíveis, que podem admitir as futuras transformações, novos arranjos e adaptações do programa da Câmara. Além disso, seu caráter genérico impõe uma condição idêntica a todos os gabinetes, configurando uma solução universal e, portanto, democrática.
Os espaços destinados à circulação são sempre generosos e procuram escapar das soluções usuais e mínimas, transformando-se em espaços de encontro, estar e permanência.
Considerando a necessidade de articular os quatro pavimentos administrativos da lâmina anexa, além do bloco de circulação vertical, uma escada aberta e panorâmica conectada à varanda de circulação promove ligações mais expeditas entre os diferentes pavimentos e os diferentes programas da lâmina, facilitando a circulação e o encaminhamento para o edifício principal.
A ligação entre os edifícios se efetiva por meio de uma estrutura de passarela em balanço, para não interferir na estrutura histórica.
A construção de um anexo descolado no terreno vizinho permite vislumbrar a possiblidade de construir o novo edifício com a atual Câmara funcionando e, depois de executado, reformar o edifico existente acomodando todo o programa provisoriamente na nova estrutura. Por se tratar de uma estrutura em concreto armado se imagina uma construção rápida e eficaz.
A única intervenção imaginada no atual edifício da câmara é uma intervenção estrutural na cobertura. Uma nova estrutura metálica possibilita a ampliação do pé-direito conformando um desejável espaço mais amplo do plenário, conferindo uma importância e solenidade necessária. Esta nova estrutura, para se destacar da construção histórica, será revestida de vidro serigrafado branco, tanto internamente como externamente, transformando esta adição arquitetônica em uma caixa de luz que se destaca por contraste da estrutura histórica. Deste modo o plenário (e suas decisões) serão iluminados pela luz do dia, e de noite se transforma em uma lanterna ou farol para cidade, lembrando a existência da câmara como espaço da construção das decisões e desenho do futuro da cidade.

A proposta para o projeto arquitetônico de reforma e ampliação da Câmara Municipal de Erechim foi concebida com base no conceito de integração entre o edifício antigo e a nova edificação, buscando não apenas a funcionalidade, mas também a harmonia entre os usos e os ambientes, não deixando de lado a sustentabilidade econômica, a cultura e ainda a parte social. O partido arquitetônico adotado valoriza a conexão dos espaços, criando uma transição fluída que respeita o prédio original e potencializa os novos ambientes e usos propostos.
Na entrada do edifício existente, o acesso foi transformado no hall principal, um espaço multifuncional composto por um ambiente amplo que servirá para exposições, café, uma recepção moderna e eixos de circulação que garantem acessibilidade a todos os pavimentos e ao novo prédio. Através desse hall principal, existe a conexão com a ampliação, onde está localizado o novo Plenário. Nesse sentido, buscamos não alterar as características originais do edifício existente, apenas ajustamos os espaços no escopo proposto. O Plenário atual por exemplo, foi transformado no Plenarinho.
A integração entre o antigo e o novo também se dá pelo paisagismo cuidadosamente planejado, tanto externo quanto interno. No afastamento lateral do prédio antigo, onde anteriormente existiam vagas de garagem, agora é proposto um paisagismo que remete ao traçado original da cidade na época de sua concepção. Este desenho objetivo e integrador é complementado por bancos, arbustos e árvores nativas da região de Erechim, criando espaços de convivência e contemplação. O paisagismo não apenas embeleza o conjunto arquitetônico, mas também reforça a conexão entre passado, presente e futuro, promovendo um ambiente acolhedor para seus usuários e se complementando à paisagem urbana.
A nova edificação, uma arquitetura contemporânea, distingue-se da antiga. Seu acesso, onde está localizado o portão do estacionamento possui uma entrada para os ambientes de reunião e trabalho. Essa entrada é vista como secundária e de prioridade para os vereadores e servidores da Câmara.
Para a solução construtiva, optamos pela utilização de materiais de fácil acesso no mercado regional da cidade, podendo ser alvenaria convencional ou em blocos de concreto, garantindo a viabilidade construtiva e buscando fomentar a economia local. Essa escolha também favoreceu a compatibilidade com as técnicas de construção mais comuns da região, permitindo um processo construtivo eficiente e economicamente viável.
Buscando a eficiência energética das construções, a nova fachada é composta por pele de vidro e brises voltados para o oeste em madeira Araucária. Prevemos captação das águas de chuva, jardins verticais e a captação da luz solar para energia fotovoltaica.
Além disso, o projeto foi concebido com foco no conforto ambiental e na sustentabilidade. O prédio novo possui um jardim introspectivo, que traz através do teto de vidro, iluminação e ventilação natural para o seu interior. Também foi criado um terraço jardim no 2º andar visando a convivência. Esses elementos não apenas potencializam a eficiência energética, mas também promovem um ambiente acolhedor nas áreas de circulação e nas zonas de trabalho, reforçando a conexão entre o espaço construído e a cidade.

Ao mergulhar no tecido histórico e simbólico da Câmara de Vereadores de Erechim, a reconhecemos como um marco de transparência e acessibilidade democrática. Respeitando a memória viva desse edifício histórico, a proposta transforma o patrimônio em uma narrativa visual que se abre ao olhar da população, convidando à participação e ao diálogo. Mais do que uma simples ampliação, a intervenção reafirma o compromisso entre espaço e função, arquitetura e comunidade.
A concepção do projeto reflete a conexão entre o edifício preexistente e o anexo proposto, unidos por um núcleo de serviços e circulação vertical que organiza o conjunto. Assim, cria-se uma unidade simbólica e material entre os blocos, centralizando funções e otimizando a circulação, enquanto preserva a autonomia de cada espaço. Não concebemos o anexo como complemento, mas como uma extensão que reitera o papel do legislativo: fiscalizar, legislar e, sobretudo, acolher a população. O anexo abriga o programa legislativo, incluindo o plenário e os gabinetes, estabelecendo uma relação aberta e próxima entre vereadores e cidadãos.
A conexão com o novo edifício reflete essa coerência em sua materialidade e expressão arquitetônica: uma estrutura de linhas claras e elementos translúcidos que traduzem visualmente os valores de transparência e abertura. A leveza do vidro e da madeira encontra suporte no embasamento sólido de concreto, que alicerça e equilibra o conjunto. A escolha da madeira nos brises e forros é uma celebração da cultura local de Erechim, reverberando sua tradição. Ao utilizar essa combinação de materiais, o projeto dialoga com a paisagem urbana e reafirma o edifício como um espaço atemporal e acolhedor.
No edifício histórico, distribuímos o setor de armazenamento, o setor de informática, a área de apoio, o gabinete da presidência, a diretoria geral e a diretoria administrativa. No primeiro pavimento, destacamos a praça memorial, que expõe o painel artístico, reforçando o valor histórico e simbólico de Erechim.
Cada bloco dispõe de sua própria praça, ambientes externos que convidam ao encontro e à convivência. No térreo, a praça da mediação une os dois blocos, representando simbolicamente a integração entre o passado e o futuro, fazendo um paralelo entre o legislativo como um mediador entre o executivo e o povo. Na praça do povo dispomos de espaços de transição entre o construído e o urbano, espaços que promovem o uso público e incentivam a participação cidadã.
Estruturalmente, duas vigas metálicas invertidas sustentam uma treliça vierendeel, apoiada por tirantes que estabilizam a estrutura mista de concreto, madeira e aço, resultando em um sistema simultaneamente robusto e flexível. O bloco é reforçado por vigas de madeira laminada colada, que também desempenham a função de brises. Com uma linguagem de simplicidade e austeridade, a arquitetura busca alcançar uma atemporalidade que supere as transformações urbanas, preservando o valor do edifício para as gerações futuras. A Câmara não apenas ganha um anexo, mas se revela à cidade como um organismo renovado, onde a preexistência se torna a protagonista, e o caráter público e democrático do edifício se manifesta de maneira clara em cada detalhe e gesto arquitetônico.

REFORMA E AMPLIAÇÃO DA CÂMARA DE VEREADORES DE ERECHIM

O projeto de reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim é um caso de intervenção e transformação no patrimônio moderno construído. A proposta seguiu os seguintes princípios:
- Recuperar o projeto original da década de 1960, removendo acréscimos construídos posteriormente e em dissonância com o projeto de Mafessoni. O pequeno anexo junto à Av. Uruguai será removido, assim como o elevador, os aparelhos de ar condicionado e as placas de sinalização nas fachadas. A escada interna que dá acesso ao plenário será eliminada, assim como as divisórias que compartimentam o espaço. As colunas cilíndricas do térreo serão desobstruídas e o painel de Harryson de Carli Testa será preservado, em posição de destaque.
- Atualizar o edifício moderno para atender às demandas funcionais e tecnológicas atuais. Para o deslocamento das novas instalações será utilizado piso elevado, quando possível, e forro acústico rebaixado, nivelados com o edifício existente, de modo a flexibilizar os layouts e facilitar alterações e manutenções futuras. As esquadrias serão atualizadas para sistemas com isolamento térmico e acústico, e a escada interna será redimensionada para atender às normas atuais.
- Construir um novo sistema de circulação vertical com elevadores e escada e um novo edifício que amplie a área construída, de modo a atender a totalidade da demanda programática. O núcleo de circulação funcionará como interface e conexão entre o edifício existente e o novo. O anexo será construído com estrutura independente em concreto armado, adequada ao contexto local e ao orçamento previsto. O sistema prevê paredes portantes lindeiras, pilares circulares pontuais e fechamentos exteriores envidraçados com diferentes gradações de opacidade e proteção solar. A estrutura será moldada in loco, com vãos entre pilares que variam de 6,3m a 10,60m, vencidos com lajes de painéis treliçados de 35cm de espessura.
- Respeitar o patrimônio moderno, estabelecendo relações formais e materiais entre o existente e o novo. Uma parede portante plissada feita em concreto aparente, posicionada no limite do novo terreno, se curva ao encontrar o edifício moderno e faz uma sutil e harmoniosa transição entre os dois edifícios. Além de manter o mesmo gabarito e recuo frontal do edifício existente, o anexo também utiliza como referência compositiva as linhas verticais e horizontais da fachada, assim como o embasamento, o volume prismático em barra e as colunas afloradas no térreo.
- Potencializar o caráter cívico e promover o franco acesso da população ao complexo. O acesso público aos serviços da Câmara acontecerá pelo térreo da edificação antiga, que também abrigará recepção, café, protocolo, ouvidoria e memorial. No térreo do edifício novo estará o plenário, com entrada franca e independente pela Av. Uruguai. Logo abaixo, no primeiro subsolo do anexo, ficará o plenarinho, a comunicação e os serviços de apoio. Nos andares superiores ficarão os gabinetes e salas de diretorias e presidência. Nos demais subsolos, estacionamento e áreas técnicas. Nos fundos do novo lote, haverá um jardim com vegetação nativa, que também estará nos demais jardins que circundam o complexo da Câmara.

A Câmara de Vereadores desempenha um papel essencial no desenvolvimento urbano das cidades, sendo responsável por representar os cidadãos e transformar suas demandas em políticas públicas. Sua função é fundamental para a promoção da democracia, inclusão social e bem-estar coletivo, abordando questões essenciais como educação, saúde, transporte, segurança e saneamento básico. Além disso, a Câmara atua como um elo entre a população e o governo local, garantindo que os interesses da comunidade sejam atendidos e contribuindo para a construção de cidades mais justas e sustentáveis.
Em Erechim, no Rio Grande do Sul, o projeto de reforma e ampliação da Câmara de Vereadores visa criar uma estrutura que atenda às crescentes demandas da administração pública municipal. A proposta busca integrar a edificação original, projetada por José Carlos Maffessoni em 1960, com uma nova construção, preservando a identidade arquitetônica histórica, mas modernizando o espaço para adequá-lo às necessidades contemporâneas.
A preservação do patrimônio é um conceito central na proposta. A fachada original será restaurada, com cuidados para preservar os elementos arquitetônicos que precisam de manutenção, destacando a arquitetura histórica da cidade. Internamente, os compartimentos do edifício serão reestruturados para se adequar ao programa de necessidades atual, já que algumas partes do prédio original não atendem mais aos requisitos iniciais. A nova construção será conectada ao bloco existente por meio de uma abordagem arquitetônica que utiliza linhas retas e formas puras, respeitando a estrutura original e criando uma transição harmônica entre os dois blocos.
Um dos elementos centrais da proposta é o eixo vertical de circulação, que facilitará o acesso aos diversos espaços da Câmara, conectando os dois blocos. A nova edificação adotará elementos modernos que dialogam com a linguagem da construção original, proporcionando continuidade e modernidade ao conjunto. A setorização do espaço visa separar o uso público do privado, organizando o fluxo de pessoas e garantindo a eficiência na utilização dos espaços.
A proposta também valoriza a preservação histórica da edificação. O acesso principal será feito pelo novo edifício, mas o acesso pela estrutura original será mantido, ressignificando o memorial existente e garantindo uma conexão com o passado. O painel em relevo que decora o plenário será realocado, para que continue a fazer parte da história da Câmara.
No novo edifício, o térreo será um espaço de representação artística e cultural, com uma fachada que incluirá uma tela metálica perfurada, proporcionando ventilação natural e criando uma identidade visual única. Além disso, haverá circulações distintas para servidores e para o público, com os acessos internos e privados concentrados no edifício original, enquanto os espaços de maior circulação estarão no novo bloco. Essa organização garantirá funcionalidade e conforto para todos os usuários. Os subsolos serão destinados ao uso privativo de servidores e veículos oficiais.
A reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim busca, assim, conciliar a preservação da memória histórica com a modernização e eficiência do espaço, criando uma estrutura funcional e representativa para o município, enquanto mantém viva a identidade arquitetônica da cidade.

Entendemos esta proposta como um manifesto democrático que permitirá fortalecer a cidadania e reconhecer a condição contemporânea da participação cidadã no cotidiano da vida política. Idealizada como um espaço democrático, busca através das suas novas instalações o diálogo da comunidade com os seus representantes, gerando assim um espaço coletivo para o desenvolvimento cívico de Erechim.
O edifício existente, idealizado para abrigar a Companhia Telefônica, foi projetado em 1960 dentro do contexto cívico existente ao redor da Praça da Bandeira. Posteriormente foi cedido à Prefeitura, que o transformou na sede da Câmara Municipal em 1974. As reformas sucessivas resultaram em um edifício que externamente preserva muitas características originais, porém internamente sofreu mudanças, muito em virtude da disposição aberta e funcional dos espaços, que revelam a sua eficiência e racionalidade modernista.
A proposta, desenvolvida como uma adição horizontal (1 + 1 = 1), entende a importância do edifício da Câmara de Vereadores, a sua lógica espacial, e a necessidade de uma associação equilibrada configurando ao final um novo conjunto arquitetônico harmônico.
Procuramos estabelecer um partido a partir da extensão da cota do térreo que unifica e complementa, através da própria tectonicidade do embasamento, as duas edificações. A tectonicidade é aquela dimensão da arquitetura na qual a ordem visual e a ordem material confluem em um mesmo critério de ordem. O acesso público é mantido e valorizado pela criação deste eixo, tal qual uma promenade democrática. Por ele poderão ir e vir, de maneira franca, visitantes e funcionários, e assim ganhará força também ao receber serviços de atendimento ao cidadão.
A relação entre os edifícios na busca de um conjunto arquitetônico de correta inserção urbana não se resume a um problema de tamanho ou gabarito, mas uma questão de escala, que entre outros aspectos, passa pela escolha de um sistema de proporções e sobre a sua hierarquia em relação a algo.
Os materiais escolhidos para composição do ANEXO determinam sua massa, sua imagem e a sua proporção. A extensão do embasamento, que no edifício existente é em pedra, se dará em concreto aparente, assim como toda a estrutura proposta. O volume suspenso, onde se encontram os gabinetes será revestido por painéis compostos de madeira ecológica. Entre essas duas massas, o vidro temperado estabelece uma delicada mediação.
A estratégia adotada propõe três operações: [1] Subtração: Deixar apenas o essencial, recuperar o espaço primordial. O desmonte de partes internas do edifício existente se dará sobre as adições mais recentes, que geram uma congestão espacial que inviabilizam a revitalização como um todo. [2] Construir a partir das Instalações: Concentramos na mesma borda os “espaços servidores e espaços servidos”. A circulação horizontal se posiciona na extensão das áreas técnicas e fazem a mediação com os grandes espaços de uso prolongado. [3] Resgate das Memórias: Ao permitir a leitura dos sinais da passagem do tempo, tornamos a arquitetura um veículo de comunicação entre os períodos históricos, questão vital para a compreensão das transformações urbanas e das demandas contemporâneas, que exigem dos edifícios existentes adaptações constantes.

MEMORIAL
O projeto busca unir a antiga Câmara dos vereadores a uma nova, as duas edificações se unem formando um só, tendo como objetivo ampliar o espaço, adaptar a acessibilidade ao público e acolher a população.
Será mantida a porta principal existente de acesso ao público (edificação existente), de modo que ao entrar na edificação a pessoa se sinta acolhida, logo um café juntamente com o memorial, também nesse andar estarão o plenário e o plenarinho facilitando o acesso da população, e fazendo com que a mesma transite em meio ao memorial e conheça um pouco mais da história do prédio.
Os andares inferiores serão destinados uma parte a estacionamento e serviço e a restante a parte ao legislativo e administrativo. No andar superior ficará localizado a diretoria geral, uma parte do legislativo e a comunicação.
A obra criada pelo artista local Harryson de Carli Testa em 1981 localizada no último pavimento, será mantida e fará parte do setor de comunicação mais propriamente dito, studio de gravação.
A câmara disponibilizará de 2 elevadores, o atual que funcionará como de serviço e um novo juntamente com uma circulação vertical de acesso ao público.
Materiais:
O ponto de partida para o uso de materiais será o prédio atual, a ideia é fazer um contraste antigo x novo, a parte anexa a edificação será em concreto aparente de modo que cause essa percepção ao olhar .
O telhado da nova ala será de telha sanduíche com estrutura de ferro, mantendo a ideia de platibanda.
O forro e divisórias internas serão de drywall com seu interior preenchido de lã de vidro para o conforto e isolamento acústico, facilitando futuras modificações.
Sustentabilidade:
O novo anexo disponibilizará de cisterna a qual ficará locada na garagem em baixo da rampa de acesso, captará toda água da chuva a qual será destinada para banheiros e limpeza.
Aberturas foram locadas em ambientes de maior permanência, facilitando assim a entrada de luz natural diminuindo o consumo de energia o qual será também reduzido pela instalação de placas solares ao longo do telhado.
A edificação em concreto aparente faz uma ponte histórica com as obras do Oscar Niemeyer, resulta em fachadas com baixa manutenção e alta durabilidade, com um bom desempenho em conforto térmico e acústico.

O edifício que atualmente abriga a Câmara de Vereadores de Erechim, projetado em 1960, apresenta elementos vazados na fachada, pilares arredondados, platibanda, simplicidade formal, uso de linhas retas e a divisão funcional dos espaços que refletem princípios característicos do modernismo. O edifício mantém seu valor simbólico como testemunho da evolução arquitetônica e urbana da cidade ao longo do século XX.
A proposta de intervenção visa respeitar e preservar a edificação existente, buscando reverter modificações feitas ao longo dos anos. O objetivo é restaurar aproximando-o de seu estado inicial, conforme projetado para a Companhia Telefônica. Deste modo, o anexo adjacente é removido, assim como a escada de acesso ao antigo plenário, retornando a forma original.
As mudanças planejadas para as fachadas buscam preservar ao máximo os elementos que definem o caráter do edifício, ao mesmo tempo em que se adaptam e amplificam seu potencial de acordo com as necessidades do programa.
A forma acaba por refletir as limitações dos condicionantes legais e o vasto programa exigido. Para receber, espacialmente, a ampliação do programa estabelecido, a nova edificação está organizada em cinco pavimentos.
O térreo é o ponto de articulação dos espaços a partir do amplo e iluminado saguão de entrada, que permanece no edifício original, integrado aos eixos verticais de circulação, facilitando a orientação do público, criando uma interface entre o novo e o antigo, e um acesso visual e físico entre os dois.
O grande vazio entre pavimentos, presente na circulação da nova edificação, promove ventilação e renovação do ar em todos os andares, além da abundância de iluminação natural, importante para a redução do consumo energético do edifício. A organização do programa priorizou essa estratégia para posicionar os espaços de trabalho e convívio social.
Nas fachadas nordeste e sudoeste, onde está localizada a maior parte dos espaços de trabalho, optou-se pelo uso de brises verticais com regulagem de abertura para controle de luminosidade mantendo privacidade sem perder a visual para o exterior. Ao mesmo tempo que conferem unidade ao conjunto, os módulos geram dinamismo nas fachadas, o plano vertical também permite ventilação contínua pelo efeito chaminé.
A estrutura do edifício é pensada em sistemas construtivos mistos, com base e núcleo rígido (circulação vertical), pilares e vigas metálicos e laje alveolar protendida. Como estratégia para mitigação de estragos causados por eventos climáticos, utilizou-se cobertura com argila expandida com sistema de captação de águas pluviais, somada aos jardins de chuva com sistema de biorretenção. Os painéis fotovoltaicos gerando energia renovável, somado as demais soluções contribui para a eficiência energética da edificação.
Todas as decisões do partido arquitetônico convergiram para se atingir a máxima performance nos âmbitos econômicos, ambientais, culturais e urbanos. O diálogo entre o edifício original e a ampliação é marcado pela simplicidade formal, materialidade neutra e uso de linhas retas, características do projeto original. Tão importante quanto não parecer um simples anexo ou uma cópia da edificação existente, é destacar a ampliação como uma expressão atual que valoriza o edifício antigo, mantendo sua escala e clareza volumétrica.

A proposta apresentada atende às exigências do concurso, superando as restrições impostas e alcançando dois objetivos principais: integrar o edifício atual, aproveitando suas características, e expandir suas funcionalidades de forma eficiente e harmoniosa. Para isso, foram implementadas as seguintes intervenções:
Expansão do Subsolo: A ampliação do subsolo visa criar áreas úteis para o extenso programa, mas também criar um sóculo para o novo conjunto, integrando-o ao edifício existente de forma coesa.
Extensão dos Pilotis: A ampliação dos pilotis atuais propõe um grande espaço transparente e aberto ao público, criando um ambiente acolhedor que facilita o acesso e orienta a circulação no interior da edificação.
Manutenção do Volume Superior: O volume superior, representativo do plenário, será preservado como símbolo institucional. Seu interior será reconfigurado de forma a atender às novas demandas funcionais, enquanto um volume anexo será introduzido para os gabinetes, de forma a manter a articulação com o conjunto existente.
Construção de um novo acesso principal em rampa: A construção desse novo acesso organiza a entrada ao edifício com uma escala mais ampla. Direciona o cidadão para uma praça elevada e onde se localiza a portaria principal do conjunto. Ela possui inclinação de 6% , conferindo acesso confortável e oportuno a todos os usuários

Câmara Municipal.
Promotor de Cidadania e Participação Popular
A proposta de projeto para reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim, RS, contempla não só uma melhor adequação ao programa de necessidades necessária ao pleno funcionamento da instituição em si, mas também na valorização e pluralidade do patrimônio cultural e arquitetônico da cidade, utilizando a edificação atual da sede como ponto de partida projetual.
Honrar a trajetória e o papel que a edificação desempenha na vida da população foi uma das premissas projetuais.
TÉRREO MULTIUSO: a proposta tem como conceito primordial a valorização, o fomento às atividades culturais e o incentivo da participação popular. O programa dispunha da necessidade de um plenário, com capacidade para aproximadamente 250/300 pessoas, flexível e dinâmico, com o foco para atender não somente a demanda da Câmara mas atividades plurais. E partindo disso, pensado em intensificar essa pluralidade de possibilidades, que junto ao acesso controlado deste nível, abriu-se à cidade um espaço multiuso que ora pode ser fechado e utilizado como o Plenarinho. Mas com intuito principal de ser um ponto de livre expressão, incentivo as culturas e economias locais, promovendo exposições artísticas, feiras culturais, etc. Esse espaço pode ser fechado e aberto de acordo com a demanda.
CONEXÕES E HARMONIA DO CONJUNTO: a neutralidade arquitetônica proposta para a ampliação buscou respeitar a identidade, o contexto e o equilíbrio visual do edifício original, integrando a nova construção de forma discreta e harmoniosa. Essa estratégia visou a criação de um ambiente que não desviasse a atenção dos objetivos e das funções do edifício principal, proporcionando uma continuidade estética e funcional. Valorizou-se desta forma elementos como a simplicidade formal, a ausência de excessos ornamentais e o uso de materiais e paletas de cores que se alinhem ao existente, evitando contrastes. Essa escolha permitiu que a ampliação se tornasse uma extensão coesa e sutil da estrutura inicial, respeitando o protagonismo do edifício principal e garantindo que as novas intervenções não se sobressaíssem ao significado institucional e à história do local. O diálogo com a edificação pré-existente reforçou-se através dos alinhamentos propostos no anexo e elementos como os pilares cilíndricos dispostos no térreo. O brise metálico fez a costura e amarração do todo, descolado do prédio lindeiro.
PROGRAMA E PAVIMENTOS: utilizou-se a edificação pré-existente em seus três níveis, dispondo de setores administrativos, de comunicação/vídeo e de serviços. A edificação anexa foi disposta em 5 níveis, sendo um subsolo comportando o estacionamento, o térreo (alinhado com o atual subsolo da pré-existência) onde foi localizado o plenarinho, o plenário e demais setores referentes. O primeiro e segundo pavimentos (com pisos alinhados à edificação pré-existente) dispõem basicamente dos gabinetes de vereadores, sendo alguns flexíveis e adaptáveis conforme a demanda. Houve o acréscimo de um terceiro pavimento utilizando a parte posterior do terreno para a colocação dos setores de presidência e correlacionados, e na parte frontal, respeitando todos os alinhamentos e proporcionando uma visão da cidade, foi alocado um rooftop corporativo, com intuito de ser um local para eventos entre os legislativos.

A Câmara de Vereadores deve ser a instituição com maior representação da democracia do poder local, por possibilitar que a sua composição se dê por membros das mais variadas ideologias, cabendo-lhe proporcionar condições para que a sociedade a ela recorra na busca de seus direitos.
Se democracia significa um modo de vida pública mais equitativo, onde a população tem voz, podemos entender que na arquitetura, essa idéia depende da integração espacial do edifício, com espaços transparentes e receptivos ao povo.

É importante relembrar que a arquitetura das edificações públicas exerce um papel relevante na conformação da paisagem das cidades. Camilo Sitte inclusive defende que a maior parte da qualidade estética da urbe depende da relação harmoniosa entre os espaços abertos e os prédios de uso público. Marcel Poete também reitera que estas edificações institucionais têm o seu lugar marcado, compondo a fisionomia urbana da cidade.

A partir deste breve prefácio, tem-se claro o papel fundamental que a proposta arquitetônica e urbanística deste concurso terá sobre a sociedade e seu impacto no processo de modificação da paisagem da cidade.

As estratégias projetuais adotadas para a proposta apresentada, se basearam nas diretrizes estabelecidas no Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos, na Nova Agenda Urbana, nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, assim como nas melhores práticas da arquitetura e urbanismo contemporâneo, não deixando em segundo plano o atendimento as normativas edilícias quando ao desempenho da edificação, acessibilidade universal, de proteção contra incêndio e nas orientações patrimoniais para a intervenção em prédios de valor histórico-cultural.

A proposta do nosso projeto é criar um edifício que respeite a rica história de Erechim, marcada por sua colonização mista, enquanto introduz um novo momento para a cidade, alinhado ao seu crescimento e progresso. A ideia principal foi desenvolver um projeto que representasse uma transição harmoniosa entre o passado, com suas tradições e identidade, e o futuro, marcado por inovação e modernidade.

Este edifício foi concebido para ser um marco arquitetônico, unindo a preservação do patrimônio existente com a expressão de uma arquitetura contemporânea. Ele dialoga com o contexto urbano de maneira respeitosa, valorizando o que já está presente na cidade, mas também trazendo elementos que simbolizam o avanço e o dinamismo de Erechim.

A arquitetura contemporânea proposta reflete a evolução da cidade sem causar interferências negativas no que já existe, mas, ao contrário, complementando e destacando o processo de transformação pelo qual a cidade está passando. O projeto busca inspirar e evidenciar um futuro próspero, em que tradição e inovação coexistem em equilíbrio, representando um momento de transição e crescimento para Erechim.

Passados mais de 60 anos desde sua fundação, a Câmara de Vereadores atravessa um momento especial em sua história. Após um período de organização e consolidação, a instituição vive hoje a necessidade, fruto de seu crescimento, de oferecer melhores e mais amplas instalações.
O projeto de reforma e ampliação da Câmara Municipal de Vereadores tem como premissa atender às demandas atuais e futuras da sede, introduzindo soluções contemporâneas que promovam renovação e modernidade, respeitando o patrimônio histórico-cultural existente. A proposta engloba novos usos, fluxos e layouts eficientes, acessibilidade, segurança, infraestrutura otimizada, conforto ambiental e paisagismo conceitual.
A intervenção busca equilibrar a preservação do patrimônio com novas possibilidades de uso, reforçando o conceito de “Casa do Povo” – um espaço democrático e funcional que atende à população e promove a convivência cidadã. A arquitetura valoriza ambientes versáteis, como plenários, café, áreas para exposições e eventos culturais, refletindo o compromisso da Câmara com a transparência e a proximidade com a sociedade.
Pensada para harmonizar com o entorno urbano e dialogar com a construção original, a ampliação foi planejada como uma extensão natural do espaço existente. A proposta considera a conexão do edifício com seus ocupantes e com a cidade, criando um ambiente amplo, acessível e acolhedor que contempla as mais diversas atividades da rotina de visitantes e colaboradores.
Em síntese, o projeto equilibra renovação e preservação, resultando em um espaço funcional, inclusivo e democrático, que reafirma o compromisso da Câmara de Vereadores em promover participação, transparência e diálogo com os cidadãos.

A reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim busca criar um espaço de convergência, onde diferenças coexistem em harmonia, promovendo transparência e diálogo democrático. O conceito arquitetônico reflete o dualismo entre opostos: fechados e abertos, opacos e translúcidos, passado e futuro. O projeto preserva a simplicidade formal do edifício original e integra uma nova estrutura com demandas contemporâneas, como eficiência energética e flexibilidade funcional. O plenário, reposicionado na nova edificação, torna-se o ponto central, acessível por um átrio de pé-direito triplo que conecta visual e funcionalmente os ambientes. O plenarinho, situado no edifício existente, funciona como espaço multiuso, incentivando práticas sociais e culturais. Os espaços administrativos foram organizados para garantir funcionalidade e privacidade. Foi criado um núcleo rígido de circulação vertical, enquanto as passarelas integram as edificações antiga e nova. Materiais neutros, como estruturas metálicas e vidro, dialogam com revestimentos de madeira. Estratégias sustentáveis incluem brises horizontais, coberturas verdes, reaproveitamento de água da chuva e placas fotovoltaicas. Espaços abertos, como jardins e terraços, estimulam a convivência e o diálogo. A arquitetura promove um equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade, valorizando o compromisso ético da Câmara. Integrando tradição e inovação, o projeto traduz o papel do edifício como um símbolo de democracia, acessibilidade e progresso, impulsionando a convivência plural em Erechim.

O conceito de sustentabilidade é entendido como a capacidade de manter ou preservar condições ao longo do tempo. Este projeto foi desenvolvido com foco na sustentabilidade, tanto social quanto ambiental, e não se limita à arquitetura, mas também se estende à política e à criação de ambientes que favoreçam a interação pública e a eficiência no uso dos recursos. A ideia é criar espaços que garantam a qualidade de vida e a funcionalidade, atendendo às necessidades da comunidade.

O projeto tem como premissa a preservação do edifício modernista existente na cidade de Erechim, intervindo apenas o necessário para adaptar o novo programa. O acesso principal foi mantido pela Rua Comandante Salomoni. Além disso, o café foi posicionado no saguão, voltado para as escadarias, promovendo a interação entre a população e o espaço público. A central de infraestrutura ficou localizada entre o edifício antigo e o novo anexo, criando uma central de circulação vertical e bateria de sanitários. Dessa forma separamos o acesso controlado do acesso público.

Na Av. Uruguai, o novo anexo possui dois tipos de acessos: um para servidores e outro para o estacionamento. A organização dos pavimentos foi pensada de forma a otimizar o espaço, com o plenário e o plenarinho localizados no pavimento superior a esta rua, porém conectados ao saguão no térreo. Rampas foram incorporadas nos últimos pavimentos para superar as diferenças de nível entre os edifícios, atendendo ao gabarito máximo permitido pelo concurso.
A estrutura do anexo foi concebida de forma mista: concreto para o térreo e subsolos e madeira laminada colada (MLC) para os pavimentos superiores. A MLC é um material com baixo impacto ambiental e foi escolhida tanto por sua capacidade de sustentabilidade quanto para a representação das construções típicas da região.

A utilização de materiais locais e sustentáveis, como a pedra natural no embasamento do projeto, confere unidade ao conjunto arquitetônico entre o novo e o antigo e garante a durabilidade do edifício. Brises de alumínio expandido serão instalados nas fachadas norte do anexo e leste do prédio original, reduzindo a incidência solar e ajudando na climatização dos espaços.

O projeto também inclui a criação de jardins de chuva nas áreas anteriormente usadas como estacionamento, que ajudam a controlar o escoamento das águas pluviais e contribuem para a regulação térmica do ambiente. Também foram projetados jardins sobre a laje do subsolo um, visando melhorar a qualidade ambiental dos espaços internos. Foram inseridos vazios como claraboia e varandas voltadas para a circulação, maximizando a iluminação e ventilação naturais para gerar conforto e bem estar no setor legislativo.

Câmara Legislativa de Erechim
A forma correspondendo a função, garantindo um edifício esteticamente harmônico, flexível e funcional. Preceitos da arquitetura moderna que serviram como guia nas tomadas de decisão deste projeto. Se o concreto armado era a grande evolução tecnológica no princípio do movimento moderno, hoje o projeto concebido de forma modular permite uma execução convencional ou uma construção industrializada, seja pré-moldada, painelizada ou modular off site, com materiais que vão do próprio concreto armado, a madeira laminada colada.
Na edificação existente, optamos por retirar as paredes do andar inferior na fachada norte, mantendo os pilares e reforçando o caráter horizontal da edificação, presente nos croquis originais do autor. Uma fachada livre envidraçada, recuada em relação ao volume superior, além de formar um espaço de antecâmara linear coberta, protegendo o novo acesso ao edifício, liga a esquina histórica onde acessamos este espaço ao novo edifício, novamente contribuindo com a necessidade de tornar o conjunto visualmente mais horizontal.
Na parte nova da edificação optou-se por priorizar as partes repetidas do programa, especialmente vagas e gabinetes de vereadores, e o novo Plenário, com materialidade propositadamente diferenciada, mas mantendo a necessária relação de alinhamentos com o volume superior do edifício existente.
Funcionalmente o edifício existente concentra o acesso de público externo, recebido num saguão principal com café e portaria, ligado por uma escada monumental e elevador ao segundo pavimento, onde o mural com painel artístico serve de memorial, articulando o acesso ao plenário e plenarinho. No novo edifício concentram-se as atividades de acesso mais restrito de vereadores e funcionários, com circulação vertical independente.
A integração com a natureza sempre foi um princípio da boa arquitetura, agora reforçada pela necessidade de sustentabilidade. A preservação das espécies existentes, utilização de brises vegetais na fachada oeste, parede vegetal na fachada norte e cobertura vegetal no edifício existente, se soma a preocupação de espaços ventilados e naturalmente iluminados para garantir um desempenho térmico adequado da edificação.

Este projeto propõe uma narrativa arquitetônica que valoriza a pré existência, enfatiza o diálogo entre o novo e o antigo e cria complementos que não apenas respeitam a memória, mas também alimentam um ambiente que promove a cidadania e as práticas democráticas, não estamos apenas planejando uma adição arquitetônica, mas construindo uma ponte que respeita e celebra o passado, ao mesmo tempo em que projeta um futuro inclusivo e interativo para a comunidade de Erechim. Essa abordagem integra o antigo e o novo de forma harmônica, refletindo a trajetória da cidade e o compromisso com a participação cidadã.

A proposta para a Reforma e Ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim combina a preservação do patrimônio modernista com inovação funcional e estética. O projeto respeita o legado arquitetônico dos anos 1960, incluindo a manutenção do painel artístico de Harrysson de Carli Testa, enquanto adapta a edificação às necessidades contemporâneas.
O plenário, configurado como auditório em grada, melhora a visibilidade e promove conforto aos ocupantes. A elevação da cobertura com uma estrutura leve proporciona iluminação e ventilação naturais, complementada por iluminação cênica externa que confere interatividade ao edifício e destaca sua presença urbana.
A proposta integra o edifício ao entorno por meio de praças ajardinadas e platôs que estimulam o convívio. Internamente, o saguão principal simboliza a essência da amizade, promovendo encontros entre cidadãos e representantes. O novo edifício abriga espaços como um café e um memorial, que conectam a população à memória da cidade, criando uma fachada ativa com a rua.
A acessibilidade é assegurada por escadas protegidas e elevadores que interligam todos os pavimentos. Brises pivotantes e soluções acústicas aprimoram o conforto ambiental, enquanto a estética moderna celebra a função democrática da Câmara.
Mais do que um edifício, esta nova Câmara representa um marco de acolhimento, onde as pessoas se encontram e se reconhecem como protagonistas da história de Erechim. É um lugar que celebra o passado enquanto aponta para o futuro, reafirmando os valores de uma cidade que constrói, com inovação e respeito, o alicerce para as próximas gerações. Um espaço que reflete o espírito de união e amizade, características únicas da Capital da Amizade, e que se torna um símbolo vivo de cidadania e orgulho coletivo.

Ao centro da simetria urbana de Erechim, um espaço cívico e notório serve como base para a reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim.
Parte-se da Praça da Bandeira e radialmente percorre-se uma linha do tempo arquitetônica. Inicia-se no Castelinho de Erechim, uma construção do início do século 20 e que representa os métodos construtivos dos imigrantes locais a partir de um material muito presente na região, a madeira. Ao lado oposto, o prédio da Prefeitura de Erechim, um edifício eclético, de 1932. Ambas as edificações se enfrentam e, em meio à malha viária, direcionam-se à Praça da Bandeira. Um terceiro exemplar arquitetônico distinto estava representado no barroco da Igreja Matriz de Erechim, de 1927, demolida e substituída em 1969 pela atual Catedral São José, em que representa aqui um quarto momento arquitetônico. Aos fundos do prédio da Prefeitura, este último momento também solidificou-se em uma nova edificação de 3 pavimentos e com um imenso valor arquitetônico: a Companhia Telefônica de Erechim de 1960, convertida em Câmara Municipal em 1974.
Abre-se então, a partir deste concurso e da leitura acima, a possibilidade de inserção de um quinto momento na história arquitetônica deste rico sítio de Erechim, através de uma nova ampliação para a Câmara dos Vereadores.
Entende-se como Câmara dos Vereadores de uma cidade, um local não só do trabalho pragmático de seus funcionários, mas de caráter e uso públicos. Logo, apesar da compactação do programa, buscou-se pensar espaços/clareiras que pudessem promover a participação popular. O primeiro deles encontra-se ligado ao plenarinho interno, como uma praça de acesso ao antigo edifício da câmara; o segundo rebaixa-se junto ao acesso à nova ampliação e torna-se um café com uma arquibancada a partir do passeio, gerando uma praça mais acolhedora; o terceiro, átrio central, articula o projeto à sua volta, nas circulações horizontais e verticais, mas também serve como uma expansão da plenária junto ao saguão. Estes três locais, com destaque para o último, nortearam as soluções de projeto em suas três coordenadas.
Com isso posto, primeiro buscou-se o resgate da edificação original, demolindo o anexo e recuperando do desenho original o jardim lateral junto ao passeio, utilizando-o como uma conexão ao novo edifício. A partir do alinhamento do recuo e da altura com a edificação vizinha, pensou-se as clareiras descritas acima e a separação visual entre a edificação antiga e nova. Nesse espaço encaixou-se as circulações verticais principais, com o elevador voltado à rua e a escada voltada ao átrio central.
A fachada, em conjunto com suas funcionalidades internas e de proteção ao sol do noroeste, expressa-se através de uma casca moderna que dialoga e contrasta com o edifício atual da câmara dos vereadores. No entanto, traz em seu miolo – ou sua alma – as placas de madeira no sentido vertical que constituem a expressão e sistema construtivo das casas do sul do Brasil, sobretudo de Erechim e do seu entorno imediato, como podemos observar ao longo da Avenida Uruguai.

A proposta de reforma e ampliação da Câmara Municipal de Erechim possibilita a o “diálogo” entre a tradição da arquitetura em madeira, o legado modernista e a arquitetura contemporânea. Busca-se valorizar a edificação existente, mantendo o acesso principal, aliando-o ao saguão da memória e preservando características modernistas, como os pilares circulares, as platibandas e, por fim, a restauração das fachadas e esquadrias. Enquanto no anexo resgata-se o uso da madeira, material que marcou a ocupação de Erechim até 1930, mas agora, de forma inovadora e sustentável, com o uso da “madeira engenheirada”, no primeiro e segundo pavimentos e nos subsolos 1, 2 e 3, optou-se por uma estrutura de concreto armado aparente, composto por muros de arrimo, pilares e lajes nervuradas.
A construção em madeira engenheirada colabora na mitigação dos impactos gerados na construção civil, por se tratar de um material de origem renovável, que sequestra carbono, além de permitir a construção em larga escala, com prazos reduzidos e sem desperdício de recursos. Por se tratar de um modelo de construção “off-site”, torna o canteiro de obras mais produtivo, limpo e previsível, sem desperdício de material. A sustentabilidade também está presente na captação de água da chuva, com reservatórios no terceiro subsolo e na presença de jardim de chuva junto à Av. Uruguai.
A entrada principal mantém-se na rua comandante Salomoni, envolvida pelo jardim, inspirado pelos tótens existentes, propondo um chimarródromo, praça, sob a copa árvore erva-mate (Ilex paraguariensis) e da Araucária (Araucaria angustifólia), em composição com demais espécies nativas. Em sequência, na entrada da edificação, o Saguão da memória, que divide o espaço com o café e a recepção, formando um grande hall, com acesso à ouvidoria, protocolo e segurança.
O acesso à ampliação dá-se de duas formas, por escadaria e ou elevador através da edificação existente ou diretamente pela Av. Uruguai, onde a partir de um generoso recuo da parede frontal, o espaço “entrega” à cidade uma espécie de praça cívica por onde o visitante deve passar ao acessar a ante sala e finalmente o plenário da Câmara Municipal, dessa forma convidando a população a comparecer às sessões do Plenário.
O Plenarinho está onde originalmente estava o plenário, preservando a obra de Harrysson de Carli Testa como plano de fundo das audiências. Os gabinetes de vereadores e das diretorias foram dispostos no anexo. Buscou-se no seu interior, sempre que possível, o uso de paredes translucidas ou transparentes, simbolizando a transparência incumbida às atividades públicas, ao mesmo tempo em que permitem menor utilização da iluminação artificial no seu interior.
O anexo é revestido por brises de HPDE na maioria das suas fachadas, promovendo maior conforto térmico e lumínico, na fachada da Av. Uruguai os brises dão lugar a painéis de policarbonato, com propriedades de isolamento térmico e acústico. Já a cobertura é composta de chapas de madeira OSB revestidas com membranas termoplásticas, permitindo caimentos de 1%, solução que busca atender as características de compatibilização com a edificação existente da Câmara Municipal.

A proposta de projeto para a Reforma e Ampliação da Câmara Municipal de Vereadores de Erechim busca transformar o edifício em um marco arquitetônico que conecta passado, presente e futuro. Combinando respeito pelo patrimônio histórico com soluções contemporâneas, a proposta prioriza funcionalidade, sustentabilidade e integração. A preservação do edifício original, símbolo da trajetória política e cultural de Erechim, alia-se à inserção de um volume contemporâneo lateral, destinado a abrigar setores administrativos e de acesso ao público. Esses volumes são conectados por um elemento translúcido e recuado que promove acessibilidade universal e fluidez espacial entre o antigo e o novo.
Erechim, planejada desde sua fundação com traços urbanos modernistas, possui uma rica história cultural, refletida em sua malha urbana e edificações institucionais. O diagnóstico do edifício existente evidenciou oportunidades para requalificação que respeitam o contexto histórico e urbano, enfatizando a interação entre espaço público e privado, o aproveitamento da topografia natural e a minimização de intervenções significativas no entorno imediato.
Preservando o núcleo histórico da Câmara, o projeto propõe um diálogo sensível entre tradição e inovação. O volume contemporâneo respeita a escala urbana e os índices locais, promovendo equilíbrio visual e funcional. A conexão entre os edifícios reforça o conceito de promenade arquitetural, proporcionando uma transição simbólica e funcional que integra os espaços de forma fluida. Os gabinetes legislativos, projetados em balanço com concreto aparente e vidro, reinterpretam as linhas modernistas do edifício original, valorizando a experiência espacial dos usuários.
A sustentabilidade é um pilar central da proposta, presente nos aspectos ambiental, econômico, cultural e social. O projeto incorpora o reaproveitamento de águas pluviais, ventilação cruzada e jardins internos que contribuem para um microclima agradável, reduzindo a necessidade de climatização artificial. A estrutura de lajes protendidas e brises translúcidos reforça a eficiência construtiva e energética, enquanto o conceito de biofilia humaniza os espaços e conecta natureza e arquitetura, promovendo bem-estar para usuários e visitantes.
Com a organização espacial hierarquizada, o edifício original mantém seu protagonismo ao abrigar o memorial legislativo e áreas de atendimento público, enquanto o novo volume acomoda setores administrativos e um plenário adaptado para múltiplos usos, com acessos independentes e respeio às normas de segurança. Os subsolos foram otimizados para estacionamento e suporte técnico, enquanto áreas de serviço permitem adaptações futuras, alinhadas às demandas institucionais.
O projeto prioriza simplicidade construtiva e compatibilidade com o mercado regional, utilizando materiais duráveis e processos eficientes que reduzem custos e impactos ambientais, conceitos importantes para edificações públicas. A valorização da topografia natural minimiza movimentações de terra, contribuindo para a adoção de soluções sustentáveis e de baixa complexidade operacional.
Integrando história e inovação, a proposta consolida a Câmara Municipal como um símbolo de transparência, inclusão e sustentabilidade. Desta forma, este projeto reafirma o papel da arquitetura como ferramenta de transformação urbana e cultural, fortalecendo os vínculos entre a cidade, seus cidadãos e seu patrimônio.
Erechim, planejada desde sua fundação com traços urbanos modernistas, possui uma rica história cultural, refletida em sua malha urbana e edificações institucionais. O diagnóstico do edifício existente evidenciou oportunidades para requalificação que respeitam o contexto histórico e urbano, enfatizando a interação entre espaço público e privado, o aproveitamento da topografia natural e a minimização de intervenções significativas no entorno imediato.
Preservando o núcleo histórico da Câmara, o projeto propõe um diálogo sensível entre tradição e inovação. O volume contemporâneo respeita a escala urbana e os índices locais, promovendo equilíbrio visual e funcional. A conexão entre os edifícios reforça o conceito de promenade arquitetural, proporcionando uma transição simbólica e funcional que integra os espaços de forma fluida. Os gabinetes legislativos, projetados em balanço com concreto aparente e vidro, reinterpretam as linhas modernistas do edifício original, valorizando a experiência espacial dos usuários.
A sustentabilidade é um pilar central da proposta, presente nos aspectos ambiental, econômico, cultural e social. O projeto incorpora o reaproveitamento de águas pluviais, ventilação cruzada e jardins internos que contribuem para um microclima agradável, reduzindo a necessidade de climatização artificial. A estrutura de lajes protendidas e brises translúcidos reforça a eficiência construtiva e energética, enquanto o conceito de biofilia humaniza os espaços e conecta natureza e arquitetura, promovendo bem-estar para usuários e visitantes.
Com a organização espacial hierarquizada, o edifício original mantém seu protagonismo ao abrigar o memorial legislativo e áreas de atendimento público, enquanto o novo volume acomoda setores administrativos e um plenário adaptado para múltiplos usos, com acessos independentes e respeio às normas de segurança. Os subsolos foram otimizados para estacionamento e suporte técnico, enquanto áreas de serviço permitem adaptações futuras, alinhadas às demandas institucionais.
O projeto prioriza simplicidade construtiva e compatibilidade com o mercado regional, utilizando materiais duráveis e processos eficientes que reduzem custos e impactos ambientais, conceitos importantes para edificações públicas. A valorização da topografia natural minimiza movimentações de terra, contribuindo para a adoção de soluções sustentáveis e de baixa complexidade operacional.
Integrando história e inovação, a proposta consolida a Câmara Municipal como um símbolo de transparência, inclusão e sustentabilidade. Desta forma, este projeto reafirma o papel da arquitetura como ferramenta de transformação urbana e cultural, fortalecendo os vínculos entre a cidade, seus cidadãos e seu patrimônio.

O projeto de Ampliação e Reforma da Câmara de Vereadores de Erechim foi concebido com o objetivo de criar uma extensão coerente, respeitando a edificação pré-existente e inserindo a nova edificação de forma harmoniosa no conjunto gerado e no contexto urbano do entorno.
As diretrizes que direcionaram o projeto foram a valorização da arquitetura original e a busca por uma intervenção com linguagem própria, atual e alinhada com conceitos de sustentabilidade e inclusão.
A proposta inclui a recuperação da arquitetura e dos elementos originais do edifício existente, destacando suas características modernistas. Para promover acessibilidade universal, inserimos uma rampa que dialoga com o estilo arquitetônico do prédio e se integra de forma sutil aos pilotis de acesso principal.
A ligação entre o edifício existente e a nova edificação se dá através de uma passarela recuada, que preserva a identidade visual do prédio original e cria uma transição fluida para a ampliação. Esta, por sua vez, apresenta uma linguagem contemporânea, com materiais e elementos construtivos que garantem amplos vãos, iluminação e ventilação dos espaços, priorizando a eficiência energética e conforto térmico e visual.
A nova edificação é estruturada por duas empenas em concreto nas extremidades laterais do terreno, que suportam lajes protendidas. Esse sistema garante grandes vãos livres, permitindo a acomodação do programa de necessidades e a distribuição das instalações nos entrepisos, respeitando a altura máxima ditada pelo edifício vizinho.
A nova circulação vertical se localiza junto à passarela que conecta os dois volumes, permitindo o uso integrado em todos os pavimentos.
A fachada principal é composta por uma grelha metálica, formada por montantes verticais e brises metálicos, além de guarda-corpos em chapa perfurada. A laje interna se projeta e cria floreiras além do limite das esquadrias, com vegetação que cresce junto à grelha externa, garantindo conforto térmico e visual.
Os espaços foram organizados para atender de forma eficiente o programa de necessidades e os fluxos internos. O amplo saguão de entrada possui áreas de convívio ou espera, convidando a população ao uso e participação dentro da câmara.
A ligação entre os volumes no térreo conduz ao foyer do plenário, que possui capacidade para 300 espectadores e um layout flexível. Prevemos também um acesso secundário no subsolo, com entrada pela Rua Uruguai, onde se localiza a área do café, que pode ser utilizado fora do horário de funcionamento regular da Câmara, facilitando o uso do plenário e do café para eventos externos. Neste caso, a configuração da planta permite o isolamento dos espaços restritos.
Os sistemas complementares foram pensados de forma a garantir reuso de águas, utilização de energia solar, construção limpa e com menor impacto ambiental.
O projeto busca uma síntese equilibrada entre respeito ao patrimônio existente e inserção de uma nova arquitetura contemporânea. A intervenção foi planejada de modo a enriquecer a paisagem urbana, criar espaços acessíveis e funcionais, e promover um ambiente convidativo para a participação da comunidade.

A reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim parte da compreensão e valorização da relevância histórica e arquitetônica do edifício projetado por José Carlos Maffessoni. O retorno à volumetria inicial, com a preservação do desenho original das fachadas norte e leste e a remoção dos artifícios das mesmas, é seguido como forma de respeito aos ideais modernistas e do panorama urbano.
A intervenção propõe uma continuidade com o passado através da volumetria da nova edificação, que amplia a linha horizontal da platibanda como uma extensão natural do complexo histórico. O recuo marcado entre os dois volumes, ampliado com a fachada curva que se inclina posteriormente, evidencia o gesto de reverência ao edifício preexistente. Da mesma forma, a repetição dos pilares redondos na nova estrutura reforça o contato entre os dois momentos arquitetônicos e libera a planta para possíveis futuros, ao optar por uma disposição alternada e ritmada dos mesmos.
A fachada da ampliação é composta por um elemento de proteção solar têxtil, que suaviza a percepção do novo volume e enfatiza a preexistência, ao mesmo tempo que contribui para o conforto térmico ao filtrar a radiação solar e reduzir a carga térmica com a ventilação constante entre a tela e o fechamento externo. Optou-se por dividir a fachada em 3 momentos: o superior, contínuo de forma linear à preexistência; o intermediário, com uma inclinação a oeste, liberando a visual e mantendo a habitabilidade da edificação vizinha; e o inferior, com um recuo perpendicular à linha limite superior, formando um embasamento envidraçado, protegido e integrado com a escala do usuário.
Para a distribuição do programa entre as edificações foram definidas duas premissas norteadoras:
1. A adição de maior quantidade de pavimentos na nova edificação, alternados com os níveis originais, para manter o limite vertical e minimizar as escavações do subsolo, viabilizando economicamente a proposta. Assim, no ponto de articulação entre as duas volumetrias é definido um átrio, como um espaço democrático que oferece transparência ao processo legislativo, integrado ao núcleo de circulação vertical, com papel de destaque na transição entre os níveis.
2. Os programas de caráter deliberativo, bem como os espaços de maior interação pública, são mantidos na edificação existente, de modo a perpetuar o espaço histórico como centro de atividades cívicas e da convivência pública. Assim, os programas de caráter administrativo são distribuídos na nova edificação, de modo a otimizar os fluxos, públicos e atividades.
A ampliação também abrange circulações como ambientes de uso comum que favorecem a convivência, permanência e diálogo democrático, de modo a dinamizar as interações políticas e o engajamento cívico. Junto a elas são posicionadas zenitais, para ampliar a iluminação natural do conjunto, e também áreas vegetadas, definidas como pontos de interesse visual que humanizam os espaços gregários.
A proposta reafirma, portanto, o compromisso com o fortalecimento do processo democrático por meio de um projeto que respeita a memória do edifício e da cidade, integrando o passado com uma visão que promove a transparência, o diálogo e a apropriação dos espaços públicos.

Percurso Cívico
Expandir a estrutura física do poder legislativo de Erechim requer uma compreensão das dimensões físicas e simbólicas que atravessam esta instituição. Desde o contexto urbano local, com seu traçado planejado e fluído que tem na Praça da Bandeira o seu centro irradiador. Passando pelo caráter democrático desta edificação, exemplo da confluência entre vida pública e política, onde os representantes populares dialogam com a população na elaboração normativa da sociedade. E finalizando com o seu patrimônio edificado, na figura do edifício sede, exemplar da arquitetura modernista no Estado.
Dentro dessa leitura e interpretação, a presente proposta para a reforma e expansão da Câmara Municipal de Erechim concatena tais leituras e interpretações em duas premissas projetuais: Conexão e Diálogo. O primeiro traço foi estabelecer um percurso cívico entre a Praça da Bandeira, a Prefeitura Municipal, o edifício existente da Câmara e a praça de acesso ao plenário, criando uma continuidade espacial clara e fluida para os habitantes. Define-se essa praça como elemento central da ampliação, conectada ao edifício existente e visualmente permeável para a cidade, interligando o espaço urbano ao cotidiano político de Erechim.
Valorização da existência
O percurso cívico busca também valorizar e respeitar o prédio existente, mantendo o seu acesso principal e realizando intervenções que visam enaltecer as características essenciais do pensamento projetual original: a espacialidade, as colunas e o desenho das esquadrias - elementos fundamentais da linguagem modernista e da identidade do prédio. Para garantir o destaque destas características, é proposto a retirada de paredes e divisórias que fragmentam o espaço original, transformando o edifício existente em um amplo espaço aberto que recepcione a população e valorize as qualidades arquitetônicas deste exemplar modernista.
Algumas intervenções realizadas durante as últimas décadas para adequar o edifício existente ao uso da Câmara também são retiradas, tais como a escada de acesso externa e o último módulo da edificação, passível de demolição. Dessa forma são evitados conflitos com a leitura original do edifício e a hierarquia de acessos. Esquadrias metálicas e de vidro, vedam os vãos liberados por tais demolições, distinguindo as novas intervenções no edifício. De forma a manter o acesso público ao painel artístico no segundo pavimento, é proposto o uso do espaço como o Plenarinho Multiuso, continuando o contato da população com a obra. E retomando uma perspectiva original do projeto, são propostos novos canteiros na calçada da Avenida Uruguai.
Princípios projetuais e estrutura organizacional
A proposta do novo edifício e a distribuição do programa com o edifício existente foram guiados por 5 princípios: concentração de espaços de circulação e apoio nas fachadas orientadas para o sul; acessos e fluxos distintos que respeitam a dinâmica e privacidade dos grupos de usuários (público, servidores, vereadores e serviços); eixos de circulação bem definidos e repetidos entre os pavimentos; faseamento da construção, concentrando os principais usos na nova edificação e reservando áreas de uso futuro; a qualidade ambiental garantindo luz e ventilação natural para os ambientes de trabalho de longa permanência

O projeto propõe uma conexão entre o edifício existente, que é um ícone da arquitetura modernista, e o novo volume projetado, criando um diálogo harmônico com o seu entorno histórico. O edifício original é um marco para a cidade de Erechim, e a proposta de um anexo busca não apenas ampliar a funcionalidade do local, mas também preservar e restaurar o patrimônio arquitetônico. O novo volume demonstra ser uma intervenção posterior, mas sem competir com o edifício histórico, respeitando sua hierarquia e valor simbólico no contexto urbano. Materiais, proporções e volumetria foram cuidadosamente escolhidos para garantir a harmonia com o ambiente existente, ao mesmo tempo que asseguram alto desempenho ambiental.
O projeto adota princípios de sustentabilidade, regeneração natural e biofilia. A biofilia integra a natureza ao ambiente construído, utilizando elementos naturais, que promovem a saúde física, metal e cognitiva dos usuários. Esses espaços buscam reduzir o estresse e aumentar o bem-estar, criando um ambiente mais humano e acolhedor. Este conceito é essencial para um espaço de trabalho saudável e eficiente.
A sustentabilidade é abordada não apenas em termos de eficiência energética, mas também com foco na regeneração natural e resiliência urbana frente às mudanças climáticas. O projeto segue as diretrizes do Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, priorizando a qualidade de vida dos usuários presentes e futuros.
A acessibilidade é central no projeto, garantindo que cidadãos com diferentes capacidades físicas, sensoriais ou cognitivas possam participar das atividades da Câmara Municipal. A proposta visa promover dignidade, autonomia e igualdade, criando um espaço de interação inclusiva entre a população e seus representantes, assegurando o acesso ao conhecimento e à informação de forma democrática. Possível de ser demonstrada, por exemplo, na escolha da localização do Plenário e seus acessos.
A memória cultural de Erechim, especialmente sua identidade como "Capital da Amizade", é um elemento-chave, criando espaços que reforcem a conexão e convivência. A cor amarela, representa a cidade, desde sua bandeira até a referência à "Bota Amarela", ou até mesmo o Ipê Amarelo que é o símbolo regional, se integra ao projeto. O painel de Harrisson de Carli Testa, ícone artístico local, se torna o protagonista do memorial, complementado por um café com vista para o centro da cidade. A proposta inclui áreas de convivência, criando um potencial turístico e transformando o espaço em um novo ponto de encontro na cidade.
Com um plano de faseamento que garante a continuidade das atividades atuais e incorporação das novas. Pensamento estrutural funcional, com materiais de baixa manutenção, fácil executabilidade e uma abordagem econômica asseguram a viabilidade do projeto ao longo do tempo.
Sendo assim, temos a combinação de sustentabilidade, biofilia, acessibilidade, inovação, habitabilidade e funcionalidade, em traços fortes e harmônicos, criando um espaço que promove o bem-estar físico, mental e cognitivo dos usuários. Tudo isso aliado a ideia de reforçar a cultura da cidade, criar um ponto de convivência e potencial turístico.

Os exemplares de arquitetura moderna na cidade de Erechim representam um dos estilos mais emblemáticos da cidade e, caracterizam um entorno urbano rico e diverso ao lado de construções em madeira, Art Nouveau e Art Déco , por exemplo. Por essa razão, propor um espaço arquitetônico contemporâneo diretamente vinculado a um exemplar modernista na cidade, representa um diálogo importante entre passado e presente expresso no meio material.
A presente proposta de estudo preliminar para a reforma e ampliação da atual câmara de vereadores da cidade foi pautada de modo a integrar elementos arquitetônicos que remetem a cultura e a história da cidade. Inspirada nas construções do povo originário Kaingang que, aproveitando da topografia natural da região do alto Uruguai, construíam espaços enterrados e semienterrados para criar uma proteção contra os ventos e geadas durante os invernos rigorosos da região, o edifício novo para ampliação da atual câmara, aproveita da topografia natural para criar um espaço público no térreo que permite uma permeabilidade visual no eixo nordeste-sudoeste do edifício, espaços com ventilação natural cruzada, e a transformação dos desníveis em espaços de transição entre a câmara atual e o edifício novo através de circulação e espaços de estar compostos por mobiliários integrados a topografia.
Além da inspiração nas composições arquitetônicas originárias da região, a materialidade dos espaços também é marcada pelo emprego da madeira, um elemento muito característico da arquitetura local. Com relação à linguagem geral do edifício, ele também retoma elementos característicos da arquitetura nacional como cobogós, concreto armado e jardins compostos por plantas nativas (Araucária preexistente, palmeira butiá, bananeira ornamental e ilex paraguaienses) que foram empregados em composições modernistas e continuam sendo utilizadas amplamente na atualidade.
A composição do edifício de ampliação tem uma linguagem contemporânea que dialoga com o edifício moderno de modo a diferenciar-se estilísticamente, ao mesmo tempo que emprega uma linguagem que destaca seu caráter institucional.
Com relação aos usos, os espaços da câmara municipal foram organizados da seguinte maneira:
Ampliação (Espaço político + Espaço Público): Considerando que, numa organização democrática, todas as pessoas que fazem parte da sociedade tem o direito de participar das decisões de um espaço deliberativo, o principal elemento de distribuição de usos uniu espaço público a espaço político pois considera que os espaços de atendimento ao público, memorial, exposições esporádicas e/ou temporárias, além de saguão, hall, mobiliários urbanos, plenário e outros espaços de acesso ao público deveriam compor uma ambiência na qual a sociedade erechinense sinta-se pertencente para poder transitar, permanecer e integrar sessões públicas e outros eventos.
Reforma (edifício atual) Gestão interna + Espaço patrimonial: Com relação a reforma do edifício preexistente, a setorização foi caracterizada por espaços de acesso predominantemente restrito, gestões internas, comunicação, acervo e patrimônio, pois integrar o elemento arquitetônico moderno, elementos artísticos preexistentes, a usos relacionados com sua história é algo imprescindível para garantir a conservação e a memória material da edificação.
A integração entre memória, cultura, política e arquitetura são os elementos principais da presente proposta.

A proposta para reforma e ampliação da Câmara Municipal de Erechim visa não somente atender na íntegra o extenso programa de necessidades fornecido, mas também criar uma nova e única dinâmica de funcionamento para local, que transmita transparência, acessibilidade e seriedade, em toda amplitude dos seus significados.

Para tanto, o projeto teve como premissas:

-Trazer todos os usos coletivos e acessíveis ao público nos locais mais próximos aos acessos, em ambos os edifícios (existente e o proposto) e criar conexões claras entre os dois edifícios nestes locais;

-Definir os usos de forma estratégica, principalmente no térreo, visando incentivar a fruição pública e a fachada ativa, proporcionando experiências enriquecedoras ao usuário. Materializou-se tal ideia projetando o Memorial no térreo do edifício histórico existente e o Café no térreo do edifício novo proposto. A medida que o usuário caminha pelo memorial, ele contempla a exposição, bem como o edifício em si, com todas as janelas ritmadas que o direcionam até o café, no edifício novo;

-Criar todas as intervenções respeitando a arquitetura histórica modernista do prédio existente, de forma que o histórico e o contemporâneo sejam distinguíveis, porém, juntos se valorizem e se tornem únicos e complementares formal e funcionalmente.
Mesmo a topografia sendo acentuada, quem da rua olha para o conjunto de edificações projetado percebe um alinhamento volumétrico na fachada (horizontalmente). Isso se dá pela evidência criada para os pavimentos 2 e 3, que sobressaem ao ser pintados de cor clara e por estarem sobre o embasamento revestido com pedra basalto (escura). Para finalizar, a torre de circulação criada é o elo de ligação entre o existente e o contemporâneo;

-Possibilitar, por meio do projeto, formas criativas de trazer vegetação e criar ambientes de descompressão, viabilizando a retenção e reutilização da água pluvial. Criou-se um sistema de piso elevado com retenção de água para uso de um jardim auto irrigável na cobertura. Além de contribuir para o conforto e bem-estar do usuário, tal jardim faz parte de um sistema de reuso de água, onde parte fica retida para o próprio uso e o excedente é encaminhado para outro reservatório no nível do Pavimento 1, onde a água é tratada e reutilizada. As águas pluviais que caem na superfície são direcionadas à 3 jardins de chuva, localizados no nível do estacionamento;

-Prever instalação de toda a infraestrutura de energia fotovoltaica e aquecimento solar de água e posicionamento de condensadores de ar condicionado, boiler e reservatórios em local não visível. Foi criado um quarto pavimento no edifício novo, com cobertura inclinada, voltada para a fachada noroeste, onde são previstas as placas solares com a maior eficiência. Vale ressaltar que esse pavimento foi recuado 8,0m do alinhamento da nova edificação (o jardim auto irrigável ocupa esse recuo), não sendo percebido de quem da rua olha para o conjunto.

O projeto moderno pauta o ritmo e as proporções da estrutura, da forma e a composição das fachadas do edifício anexo. A experiência do percurso histórico democrático orientou a criação de formas que repousam na paisagem, estabelecendo transições suaves entre o passado e o contemporâneo, o interior e o exterior, o edifício e a cidade. A partir do patrimônio moderno nasce o percurso da memória democrática, eixo cultural que encaminha à conexão vertical entre passado e futuro e ao vazio horizontal de intermediação entre edifício e cidade. Esse eixo inicia na esplanada de acesso ao térreo do patrimônio moderno e encaminha o pedestre ao vazio permeável, a rua, o espaço de intermediação entre a praça foyer e a praça de eventos, delineando o espaço articulador para o diálogo democrático entre as relações funcionais do programa. O espaço entre edifício existente e o anexo foi pensado a partir de hiatos, que transformam diferenças formais em complementariedades, tênue separação entre patrimônio e contemporâneo, entre níveis e funções, sejam elas privativas, coletivas e/ou públicas. Há dois acessos principais, para permitir usos independentes entre os edifícios. O programa foi distribuído conforme os percursos visuais e funcionais e os espaços de trabalho, memorial, plenarinho, comunicação e café foram pensados a partir da flexibilidade espacial, a fim de atender às demandas do programa por espaços para decisões coletivas, gerando espacialidades adaptáveis à diversidade de usos. Como o programa é extenso em um lugar contíguo, o sistema formal se apropria da topografia e cria vazios para permitir fluidez do ar, do sol e do verde entre os percursos peatonais. A estratégia para construção do vazio configura três praças interligadas entre si por meio do eixo memória democrática e por meio da conexão vertical, caminhos que são o encontro entre os distintos percursos: (a) o percurso memória/democrática; (b) o percurso debate/democrático; (c) o percurso eventos. Uma singela esplanada, criada no jardim frontal do acesso principal ao patrimônio moderno, estabelece a relação entre cidade e edifício e marca o início do percurso do memorial democrático. A praça foyer acontece simultaneamente, em tripla altura, são espaços de intermediação entre o contemporâneo e o histórico, lugares de recepção, informação e fluxos peatonais. A praça de eventos é o vazio articulador, o espaço livre para manifestações culturais entre o plenarinho, o vazio central e a rua. O sistema formal e a materialidade das soluções técnicas espaciais propostas consideram o contexto da escassez de recursos, há predomínio do concreto aparente e do bloco cerâmico, estabelecendo relações sutis com as paisagens do Sul do Brasil e a história do lugar. A materialidade busca uma composição neutra, a legibilidade das atividades oportunizadas para cada área, assim como durabilidade, baixa manutenção e fácil execução. O sistema formal foi pensado de acordo com o ritmo dos elementos da fachada do patrimônio, através de estratégias que oportunizam a fluidez do ar, a entrada de luz solar filtrada, difusa e/ou direta, conforme requisitos de cada ambiente e demandas climáticas locais.

O projeto para a nova Câmara Municipal de Vereadores busca harmonizar a edificação histórica existente com uma nova estrutura contemporânea. Priorizamos a valorização do patrimônio histórico, destacando suas características originais, enquanto introduzimos formas e materiais modernos que criam um diálogo visual e funcional entre o passado e o presente. Intervenções pontuais, como a remoção de elementos que comprometiam a estética original e a demolição de construções anexas, garantiram maior integração ao programa proposto. Assim, o projeto respeita o caráter histórico da edificação e atende às necessidades operacionais da Câmara.
A nova edificação foi estrategicamente posicionada para respeitar a topografia e maximizar a eficiência de uso. A conexão entre os edifícios foi feita respeitando a cota do primeiro pavimento histórico, garantindo acessibilidade e fluidez nos acessos principais.
No primeiro pavimento, o saguão principal integra um memorial e um café, criando uma recepção dinâmica e interativa. Logo na sequência, o plenário principal está na nova edificação junto de suas salas adjacentes, conectado de forma harmoniosa com os espaços históricos. No segundo pavimento, gabinetes e áreas administrativas estão distribuídos entre as edificações. Ainda, o Painel Artístico foi preservado e ganhou destaque na sala da presidência.
Os subsolos atendem demandas específicas: o primeiro possui o Plenarinho, Espaço Multiuso para Eventos e áreas técnicas. Já o segundo abriga o estacionamento para idosos e PCDs e Departamento de Comunicação, o último conta com garagens em geral. As áreas externas incluem um paisagismo que conecta história e modernidade.
A fachada da nova edificação utiliza aço corten, brises e peles de vidro, contrastando com a estética linear da construção histórica. Internamente, elementos contemporâneos, como lajes protendidas e steel frame, garantem leveza, funcionalidade e eficiência estrutural. Para a edificação histórica, aplicamos reforços pontuais, preservando e destacando seus detalhes arquitetônicos.
O projeto adota estratégias como captação de água da chuva, energia solar e ventilação cruzada para reduzir impactos ambientais. Materiais isolantes, iluminação natural e paisagismo sustentável complementam o compromisso ambiental, enquanto métodos de construção de baixa emissão de carbono minimizam o impacto durante a obra.
A proposta é guiada pelos pilares de transparência, história e sociedade. A transparência está presente nas escolhas arquitetônicas que promovem acessibilidade visual e funcional. A preservação da história local orientou intervenções no prédio existente, enquanto elementos contemporâneos reforçam o contraste harmonioso entre o antigo e o novo. As formas sinuosas e padrões fluídos da nova edificação evocam dinamismo e acolhimento, conectando arquitetura e paisagem.
Para celebrar a memória local, o projeto inclui um "túnel do tempo" no saguão principal, que narra a trajetória da cidade. Elementos históricos, como o desenho dos degraus originais, foram reinterpretados no mobiliário. Externamente, placas de metal na calçada destacam momentos históricos importantes, convidando visitantes a explorar e refletir sobre datas importantes da história do município.
O projeto combinou funcionalidade, eficiência e respeito ao patrimônio, traduzindo os valores democráticos e conectando a Câmara Municipal à comunidade de maneira sustentável e significativa.

Quando o antigo abre espaço para o novo.

A edificação que abriga a atual sede da Câmara Municipal de Erechim proporciona uma oportunidade única para a implantação de um projeto contemporâneo, que dialoga e harmoniza com as características históricas da construção existente.
A estrutura projetada, que combina concreto e aço, otimiza o processo construtivo e viabiliza os detalhes necessários para garantir a integração ideal entre o edifício antigo e a nova ampliação.
A disponibilidade de um terreno adjacente foi um ponto determinante para o planejamento.
O projeto foi concebido de modo a permitir que a ampliação seja executada de forma independente, sem interrupções significativas nas atividades rotineiras da Câmara Municipal. Após a conclusão da nova edificação, está prevista a demolição total da construção existente no terreno vizinho, promovendo a união harmônica entre o antigo e o novo. Isso resultará em uma otimização do espaço disponível e permitirá a criação de um acesso principal integrando os dois edifícios.
A nova entrada foi realocada para a Rua Uruguai, visando facilitar o acesso, uma vez que está localizada no ponto central entre as duas edificações.
O novo plenário foi implantado no terreno adjacente , situando-se no mesmo pavimento do plenarinho, o que facilita o acesso aos cidadãos.
No hall, os usuários tem acesso a uma vista ampla da cidade de Erechim, proporcionada pela localização no pavimento mais alto da edificação.
Para harmonizar com a fachada existente da Câmara, projetada pelo arquiteto José Carlos Maffessoni, serão utilizados brises metálicos articuláveis, fixados em marquises metálicas. Esses elementos funcionam como barreiras solares e mimetizam os detalhes arquitetônicos atuais, promovendo uma ampliação integrada e esteticamente coerente com o conceito já estabelecido.
A fachada da ampliação contará com amplos painéis de vidro, simbolizando a transparência que se espera de uma instituição pública. Além de proporcionar uma iluminação natural abundante, o que torna a edificação convidativa ao cidadão.
Devido à orientação norte, os vidros localizados no plenário serão protegidos por brises metálicos revestidos com painéis HPL (laminado de alta pressão), material que oferece maior durabilidade e resistência às intempéries, além de conforto térmico e privacidade.
Os espaços externos serão valorizados com a criação de uma praça e jardins contornando toda a edificação. Além de vegetação o espaço contará com espelhos d’agua e elementos naturais e sustentáveis.

A proposta deste projeto visa revitalizar a edificação existente, resgatando suas características estéticas originais e valorizando os traços modernistas presentes. Quanto à edificação complementar proposta, buscamos um melhor aproveitamento do espaço para atender às demandas atuais, preservando a harmonia com as linhas da construção existente, mas incorporando elementos contemporâneos.
Na nova edificação, optamos pelo uso de pilares redondos estilizados, volumes retos com platibanda, e detalhes curvos aliados a materiais modernos, criando uma distinção clara entre a edificação histórica e a contemporânea, enquanto mantemos uma linguagem visual coesa. O objetivo é evidenciar a importância da edificação original, preservando sua identidade, ao mesmo tempo em que se acrescentam funcionalidade, tecnologia e conforto para atender às necessidades atuais.
Para a restauração da edificação histórica, sugerimos técnicas que preservem suas características originais. Já nos dois projetos, incluímos materiais contemporâneos como aço, porcelanato, pedras naturais e telhados metálicos com isolamento termoacústico.
Na edificação proposta, otimizamos o uso do espaço por meio da criação de subsolos, respeitando a altura das construções vizinhas. Com isso, conseguimos integrar amplos espaços de convivência social, fortalecer a conexão com o entorno urbano e priorizar a habitabilidade, assegurando um ambiente de trabalho saudável e acolhedor.
Pensando na sustentabilidade, propomos a implementação de sistemas de energia fotovoltaica, reaproveitamento de água da chuva e o uso de materiais certificados com selo verde. Além disso, adotamos técnicas que minimizam desperdícios e promovem o reaproveitamento de materiais, reduzindo os impactos ambientais.

A Câmara de Vereadores de Erechim-RS, projetada em 1960 pelo arquiteto José Carlos Maffesoni, reflete o modernismo em sua volumetria e materialidade, preservadas ao longo do tempo. O projeto atual utiliza essas características como base para atender às demandas do futuro, criando um novo capítulo na história do edifício.
A harmonia entre o antigo e o novo é evidenciada nas escalas, superfícies e na materialidade sucinta. Internamente, os espaços promovem encontros e conexões, como o memorial, inserido no saguão do pavimento 01, e o espaço de convívio legislativo no pavimento 02.

O projeto adota critérios que equilibram forma, função e preservação, criando uma edificação funcional e adaptável para eventos culturais e educacionais, além de incentivar a participação comunitária. A nova construção recua 2 metros em relação à divisa sudoeste, maximizando a iluminação e ventilação naturais, enquanto sua volumetria discreta respeita o entorno, que inclui a Prefeitura Municipal, a Praça da Bandeira e a Catedral São José.
As vagas externas de veículos foram ampliadas sobre a calçada da Rua Comandante Salomoni, utilizando piso-grama para favorecer a drenagem e reduzir o escoamento superficial. A implantação minimiza o impacto das escavações no subsolo, aproveitando a topografia para mitigar riscos à vizinhança.
O pavimento 01 concentra o maior fluxo de usuários, integrando o saguão e o memorial em um espaço acolhedor. Este ambiente comunica a história dos imigrantes e elementos culturais, como a curiosidade da “Bota Amarela”. Pilotis, esquadrias volumétricas e linhas retas refletem o respeito à pré-existência, enquanto uma paleta de cores naturais traz aconchego ao espaço público, adequado para eventos culturais.
Uma nova circulação vertical conecta ambientes do mesmo setor (plenário, comissões e diretoria legislativa), enquanto os gabinetes possuem acesso independente ao plenário.
No pavimento 02, destaca-se o painel artístico de 76 m², elemento central de interação entre legisladores e visitantes, que promove contemplação e memória cultural. Esse espaço também conecta os 21 gabinetes dos vereadores ao plenário, garantindo privacidade e eficiência.
No subsolo 01, a gestão administrativa se concentra em um espaço funcional, reunindo setores administrativos, presidência e diretoria. Um desnível de 1,10 m em relação ao nível atual acomoda quatro vagas cobertas com acesso direto pela Avenida Uruguai, eliminando a necessidade de rampas extensas.
No subsolo 02, ficam os setores de apoio e armazenamento, além de parte da comunicação, com acesso secundário para carga e descarga no almoxarifado.
A reforma da Câmara de Vereadores de Erechim-RS promove integração e acessibilidade, reforçando sua importância como espaço público para a comunidade.

TEXTO RESUMO DA PROPOSTA


Nossa proposta em estudo preliminar para a ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim pode ser dividida em cinco etapas distintas.

1° - Restauração minuciosa e completa das fachadas do prédio atual a suas características originais de projeto, com uma nova compartimentação em acordo com o programa atual proposto pela organização.

2° - Demolição do prédio anexo aos fundos do prédio atual da Câmara para construção de novo prédio de transição.

3° - Construção de prédio com 5 pavimentos no novo terreno, sendo que os três superiores perfeitamente alinhados aos pisos dos três pavimentos do prédio existente, e mais dois subsolos.

4° - Construção de prédio com três pavimentos no local do anexo demolido, sendo este prédio, o elemento de transição entre o prédio antigo restaurado e o novo construído

5° - Reforma geral das áreas externas ao projeto global, com criação de novos jardins, rampa e acessos.

O prédio novo proposto é desenhado para valorizar o prédio existente com sua arquitetura modernista, condição que caracteriza o projeto na paisagem, resgatando e potencializando seu papel histórico.

O conceito da proposta de ampliação faz deferência ao prédio histórico, com sua fachada angulada, o jogo dos volumes guardando o devido recuo do prédio existente, assim não disputando com a paisagem urbana local estabelecida.

Outro foco da proposta é trazer de volta o desenho original do prédio existente como fora projetado originalmente.

Um grande jardim lateral com áreas permeáveis faz a mediação entre o passeio público e a Arquitetura histórica e nova.

Busca-se, com isso, fazer menção a condição original da Arquitetura: trazer para o presente o passado desfigurado e esquecido.

O edifício proposto marca a importância da preservação dos passeios públicos e coloca sob perspectiva a sua condição tão carregada do peso visual: o prédio do povo inserido no contexto espacial que é testemunho da história da arquitetura moderna e destaca de forma simples na formação do contexto.

O projeto toma partido da condição de sua implantação para explorar o campo de uma nova disposição dos programas ao propor o plenário como o “coração” do projeto que se baseiam nas características físicas e históricas do lugar.

O projeto estabelece pacotes programáticos definidos a partir do programa de necessidade apresentado, onde espaços restritos, controlados e livres se alternam no percurso expositivo.

Os espaços livres se dão mais no térreo do prédio existente como entrada principal, elemento de maior destaque em área e valor no programa, foram desenvolvidas de forma da circulação vertical, resultando em três blocos sobrepostos que atendem as restrições da funcionalidade sem prejudicar a qualidade de espaço, com especial atenção a plenária e ao atendimento tomando como partido o desnível dos terrenos nos dois sentidos.

A construção proposta respeita a história, o relevo e a cidade.

O exercício pleno da cidadania e da garantia de direitos e deveres da população passa por diversas ações e uma delas é a continuidade no acompanhamento das atividades promovidas por aqueles que escolhemos como representantes em processos eleitorais. Para isso é fundamental a criação e manutenção de espaços cívicos onde são desempenhadas as funções administrativas, legislativas e de participação popular.
Desta forma, a elaboração do projeto de reforma e ampliação da Câmara de vereadores da cidade de Erechim, no Rio grande do Sul, perpassa pela contribuição para o fortalecimento do exercício da cidadania.
A proposta apresentada parte de dois fundamentos: Memória e Permeabilidade.
Em se tratando de memória, o foco foi valorizar a forma do edifício existente, dando ênfase à ideia inicial de sua concepção pelo arquiteto José Carlos Maffessoni, que traz grandes panos de vidro no pavimento térreo. Essa característica da edificação faz parte de um vasto repertório modernista, que conta também com o uso de pilotis e plantas livres em seu programa.
Adotando a decisão de conectar internamente o térreo e o primeiro pavimento com o edifício anexo, cria-se uma grande faixa contínua e translúcida na fachada, fundamental para iluminação e ventilação naturais, bem como uma forma de reforçar o pilar da transparência tão importante nos processos políticos e cívicos que ocorrem em uma câmara de vereadores.
A decisão de alinhar a estrutura existente da câmara em seus três setores (base, térreo e primeiro pavimento) e a elevação da edificação residencial adjacente, estabelece uma costura que mantém a harmonia tanto interna, no programa criado, quanto externa. Essa conexão é garantida pela adoção de um subsolo que concentra estacionamento e funções técnicas, garantindo a fluidez das pessoas e suas atividades cívicas, e de prestação de serviço.
A permeabilidade na proposta é alcançada com o uso de um elemento muito adotado no modernismo brasileiro que é o cobogó. O cobogó é um recurso que filtra, mas não bloqueia, ideal para uma edificação com a rigidez de um local onde se tomam decisões sigilosas e fundamentais para o funcionamento da cidade, mas que ainda abraça a população e as ações públicas. Aliado a este elemento construtivo adotou-se jardineiras e jardins, fundamentais não só para a composição estética, mas para estabelecer uma relação, ainda que escala menor, com o verde, referenciando o campo, lugar fundamental na história e memória da cidade.
Em suma os dois pilares que nortearam o desenvolvimento da proposta resultaram num espaço que abraça o existente, com elementos simples, porém significativos, mantendo a harmonia e conexão das edificações e das relações internas e externas.

Um diálogo modernista entre o passado e o presente, no mesmo ritmo e harmonia de traços simples e de pura melodia. Na sequência e na repetição dos ritmos das aberturas, texturas e fluxos do edifício original, a nova arquitetura abraça as linhas do projeto original se integrando de forma harmônica e contínua com o passado moderno, tanto em funcionalidade quanto em estética, complementando os elementos modernistas como pilotis, janela em fita, terraço jardim, fachada livre e planta livre. Uma canção moderna, pois é como se o arquiteto moderno tivesse nos dado as primeiras notas e o tom de uma canção que agora estamos a continuar e cantar.

Há lugares que guardam mais que tijolos e concreto. Eles abrigam histórias, encontros e aspirações de uma cidade. A reforma e ampliação da Câmara de Vereadores de Erechim não é apenas uma intervenção arquitetônica; é um gesto de reverência ao passado e de ousadia para o futuro. Aqui, a arquitetura se torna uma ponte entre o patrimônio material e imaterial, um convite para que a cidade se reconheça e ressignifique.
O edifício original, projetado por José Carlos Maffessoni em 1960, continua a ser a porta de entrada deste diálogo. Sua fachada emblemática, agora restaurada com fidelidade às intenções modernistas, não apenas recebe os transeuntes, mas os envolve em uma narrativa que começa no Memorial Legislativo. Cada detalhe – os pilotis, as janelas em fita, as linhas horizontais – é um tributo ao espírito do modernismo, reinterpretado com sensibilidade e respeito.
Ao lado deste marco histórico, a ampliação apresenta um novo capítulo na paisagem de Erechim. Uma arquitetura leve, contemporânea, onde as linhas horizontais conversam com o edifício antigo, como se ambos compartilhassem uma linguagem secreta. A pele metálica perfurada, inspirada no painel artístico que antes habitava o plenário, conecta a história ao presente, permitindo que a memória da cidade se projete para o exterior, visível e acessível a todos.
Mais do que um espaço funcional, a nova Câmara convida à vivência. Os térreos ativos e os jardins suspensos promovem o encontro entre cidadãos e gestores públicos. A praça pública que substitui o estacionamento devolve à cidade um lugar de convivência e refúgio urbano, enquanto o interior do edifício celebra a luz, a ventilação natural e o conforto ambiental. Estratégias como fachadas ventiladas e materiais de baixa manutenção não apenas respeitam o meio ambiente, mas reafirmam o compromisso com um futuro sustentável.
O aço corten da circulação vertical, remetendo ao barro vermelho característico da região, torna-se o elo visual entre o antigo e o novo. Uma metáfora para o fluxo contínuo da história, que nos move adiante sem jamais esquecer de onde viemos.
Nesta proposta, a arquitetura não tem o intuito apenas de abrigar a democracia – ela pretende inspirá-la. Ao oferecer transparência tanto física quanto simbólica, estimula a participação pública e reforça o papel da Câmara como espaço de encontro e diálogo. A Câmara de Erechim não é apenas um edifício, mas uma expressão arquitetônica do pertencimento, da memória e da visão de futuro de sua cidade.

O projeto de reforma e ampliação da Câmara Municipal de Erechim integra arquitetura contemporânea e modernista, promovendo um espaço democrático e acessível. Localizada no núcleo urbano, a edificação mantém a entrada principal original, valorizando sua relação com a praça e o alpendre existentes, e incorpora uma nova entrada no volume ampliado para favorecer a circulação e convidar a participação cidadã. Um café e uma praça interna complementam essa proposta, ampliando os usos públicos e vivências no local.
A reorganização do programa prioriza a conexão com a cidade. Um antigo estacionamento deu lugar a uma praça pública lateral, composta por vegetação, bancos e iluminação, enquanto o estacionamento foi relocado para os subsolos. Essa praça direciona os pedestres para o interior do edifício, onde uma estrutura metálica abriga um hall de 9 metros de altura que conecta-se ao plenário e áreas de convivência, incluindo um café-bar. Jardins internos e um terraço público promovem qualidade espacial, com contato com a vegetação e espaços para encontros sociais.
A nova estrutura é caracterizada por uma "caixa suspensa", conectada ao edifício existente por meio de uma escada circular envolta em fechamento perfurado, que combina leveza e permeabilidade visual. O contraste entre a preservação do prédio modernista e a intervenção contemporânea destaca a identidade do conjunto. A estrutura principal em concreto armado utiliza lajes nervuradas protendidas, eliminando vigas e destacando a estética da tecnologia, enquanto o volume ampliado incorpora estrutura metálica, combinando eficiência construtiva e leveza. Sistemas sustentáveis incluem uma cisterna no subsolo, placas solares e captação de água da chuva.
A iluminação natural é um elemento central do projeto, garantindo conforto e eficiência energética. Áreas como o plenário, circulações e a praça interna possuem fechamentos de vidro e pátios verdes estrategicamente posicionados para maximizar a entrada de luz e o contato com a vegetação. Os fechamentos externos mesclam alvenaria tradicional com esquadrias de alumínio e telas metálicas pivotantes, enquanto os internos utilizam drywall, permitindo flexibilidade e agilidade construtiva.
A cobertura apresenta um terraço com áreas verdes e pavimentadas, proporcionando vistas para a cidade e espaços de convivência. A marquise que conecta os dois edifícios utiliza elementos modernistas, como pilotis, reforçando a integração formal do conjunto. A cobertura também conta com materiais que otimizam o conforto térmico interno, como argila expandida. A galeria no segundo pavimento preserva um painel histórico e oferece um espaço intimista para exposições e encontros.
O projeto consolida a Câmara Municipal como um espaço de convivência urbana e democrática, enfatizando a relação com o entorno, a sustentabilidade e a qualidade arquitetônica.

O projeto para a intervenção e ampliação do edifício modernista da Câmara de Vereadores de Erechim, propõe a preservação e valorização de um marco inovador da cidade, que anteriormente foi sede da Companhia Telefônica Municipal. Com base na compreensão histórica e arquitetônica do edifício existente, a proposta atende às demandas contemporâneas de ampliação em um terreno adjacente, mas principalmente, respeita o valor histórico, cultural e material do local.
Observa-se no entorno imediato diferentes estilos arquitetônicos que contam a história de Erechim: a casa de madeira fruto da imigração italiana, o edifício eclético, que abriga a Prefeitura Municipal, e construções modernistas, como o objeto desta intervenção. Este mosaico reflete a transição e estratificação temporal da arquitetura local, evidenciando os valores históricos e culturais de cada período.
A intervenção pretende reinterpretar e ampliar essas características, criando um diálogo respeitoso entre o edifício existente e o novo. Alinhado ao entendimento do restauro como um ato crítico, a intervenção parte da análise da edificação existente e seus elementos fundamentais, como arquitetura moderna. Avaliando as qualidades materiais, formais e históricas da obra, valorizando sua integridade e camadas históricas, como defendido por teóricos como Cesare Brandi.
O conceito transcende a materialidade, explorando estratégias como continuidade visual e integração sutil com o entorno, resultando na preservação do legado do edifício original, enquanto atende às demandas funcionais e simbólicas de ampliação. A proposta respeita essa narrativa, configurando-se como um diálogo inovador entre passado e presente, culminando em uma intervenção contemporânea sensível ao contexto imediato.
A integração e o diálogo respeitoso com a pré-existência nortearam a proposta para o edifício anexo. A integração física ocorre através da criação de um núcleo de circulação, que atende a questão funcional. A intervenção busca dialogar com o prédio e seu entorno, busca referências nas características formais e materiais da arquitetura moderna, estabelecendo uma linguagem do seu tempo criando um diálogo harmonioso entre ambos. Busca referências na materialidade, texturas e acabamentos também nos contextos que o cercam, a fim de buscar um diálogo entre o edifício e a cidade.
O anexo existente ao lado da Câmara foi removido, para dar lugar ao núcleo de circulação, que foi recuado para permitir a visualização da volumetria do edifício existente. Ainda que não seja recuado totalmente, é um gesto de respeito à pré-existência, entendendo a importância da sua geometria, permitindo que o edifício moderno mantenha seu protagonismo.
A edificação nova busca referência nas proporções da planta do prédio modernista e no seu alinhamento horizontal e vertical, logo, o edifício novo não ultrapassa a altura do prédio existente. Essa busca por proporções se reflete nesse afastamento entre os dois edifícios e nas geometrias da fachada.

A proposta para a nova Câmara Municipal de Erechim busca estabelecer um diálogo harmonioso entre a história, a cultura local e a evolução do espaço urbano, integrando elementos que simbolizam a identidade e o legado da cidade. A fim de exprimir essa simbologia, a cor terracota foi utilizada nas fachadas com o propósito de construir a narrativa histórica na qual a cidade era marcada pela presença do barro vermelho.
Inspirada no planejamento urbano original de Erechim e na diversidade cultural trazida pelos imigrantes, a proposta combina referências tradicionais com soluções contemporâneas, promovendo um ambiente que valoriza a conexão com a comunidade, a sustentabilidade e a representatividade do patrimônio local.
Inspirado no modernismo, o novo anexo estabelece uma relação de continuidade e contraste com a arquitetura existente, respeitando as proporções e o caráter do edifício original, ao mesmo tempo em que se projeta de forma inovadora no contexto urbano. Sua linguagem contemporânea e volumes dialogam com o entorno imediato, criando uma síntese entre o passado e o futuro da cidade.
O projeto busca integrar os espaços de maneira fluida e funcional, promovendo uma experiência de transparência e permeabilidade que reflete a modernização da cidade sem desconsiderar os princípios da identidade cultural e histórica de Erechim.

MEMORIAL DESCRITIVO
CONCEITO GERAL
O projeto da nova Câmara Municipal representa uma oportunidade única de integrar o edifício existente à nova edificação, criando um conjunto arquitetônico harmonioso que respeita a memória histórica do local e reforça seu papel social e simbólico. O projeto propõe a restauração do edifício existente, alinhada ao projeto original, e a demolição do núcleo de circulação e do volume passível de demolição, conforme previsto no edital. Um novo bloco, destinado à circulação vertical, será implantado para conectar os dois edifícios. Esta solução desempenha um papel estratégico ao organizar o acesso entre os setores públicos e os de uso exclusivo dos funcionários.
IMPLANTAÇÃO E ACESSOS
Implantado em um lote de aproximadamente 600m², com uma declividade acentuada de 6 metros e restrições de altura de até 14,40 metros, o novo edifício se adapta à topografia do terreno, distribuindo o programa de necessidades em diferentes níveis: térreo inferior, térreo superior, primeiro e segundo pavimentos, cobertura e três subsolos.
A integração com a topografia é um dos pilares da proposta, reforçando o caráter sustentável. A cobertura do térreo inferior é concebida como uma praça pública, ideal para eventos culturais e encontros sociais, promovendo uma conexão orgânica com a comunidade. Este elemento dissolve o impacto visual da construção na paisagem e preserva a linha do horizonte, enriquecendo o contexto urbano.
PROGRAMA DE NECESSIDADES E SETORIZAÇÃO
O programa foi desenvolvido com base no entorno, nas necessidades funcionais e nos fluxos de circulação. O acesso principal ocorre no térreo superior do edifício existente, onde estão localizados o saguão, a recepção e o memorial. Uma grande escadaria conecta esses espaços à praça do novo edifício, reforçando o diálogo entre ambientes internos e externos.
À esquerda da entrada estão os espaços de segurança, protocolo, ouvidoria, banheiros, o núcleo de circulação vertical e a passarela que conduz ao Plenário.
No primeiro pavimento, encontram-se os gabinetes dos vereadores; no segundo, o gabinete da presidência, além das diretorias geral e administrativa.
O térreo inferior do edifício existente abriga os setores de informática e armazenamento. No edifício anexo, estão a praça, uma cafeteria, a rampa de veículos e a escadaria de acesso ao Plenarinho e ao Departamento de Comunicação, localizados no segundo subsolo.
A iluminação natural, filtrada pela vegetação, valoriza os espaços internos, proporcionando conforto ambiental e uma atmosfera única.
O terceiro subsolo acomoda vagas de estacionamento e áreas de apoio, com vistas para o jardim, promovendo o bem-estar dos usuários. O quarto subsolo abriga vagas adicionais e serviços auxiliares para permanências temporárias.
MATERIAIS E ESTRUTURA
A materialidade do projeto combina concreto aparente, vidro, placas de ACM e brises soleil, aliados a sistemas construtivos industrializados. Essas escolhas são complementadas por tecnologias avançadas de climatização, iluminação e segurança.
A estrutura é composta por pilares, vigas e lajes de concreto armado convencional, garantindo a funcionalidade e a durabilidade do edifício. A integração entre materiais e tecnologia assegura um projeto sustentável, eficiente e de alta qualidade ambiental.

A presente proposta para o Concurso de Reforma e Ampliação da Câmara dos Vereadores de Erechim visa fortalecer a transparência e a representatividade, aproximando a população de seus representantes. Através da restauração do edifício existente e da criação de um anexo lateral, busca-se complementar o conjunto arquitetônico de forma que preserve a memória e o patrimônio arquitetônico da cidade, ao mesmo tempo em que projeta um futuro mais acessível e funcional para o exercício da cidadania e fortalecimento da democracia.

A intervenção no edifício existente é guiada pela valorização de elementos modernos e pela preservação de características que fazem parte de sua identidade arquitetônica. Propõe-se requalificar elementos como a platibanda, as fachadas vazadas e os pilares redondos, oriundos do vocabulário moderno, a fim de recuperar sua estética sóbria. Ao preservar esses elementos, a proposta não apenas resgata a memória do edifício, mas também mantém sua presença histórica na cidade, conectando o passado ao futuro.

A remoção das pastilhas que revestem os pilares e a restauração das esquadrias visam restaurar a limpeza estética original do edifício, enquanto as melhorias na iluminação oferecem mais funcionalidade e conforto. Essas intervenções são realizadas com base no conceito de distinguibilidade e reversibilidade que permitem mudanças sem ônus à estrutura original e suas linhas marcantes. Isso assegura que o edifício mantenha suas características históricas, mas seja preparado para as necessidades do futuro, garantindo que o patrimônio arquitetônico de Erechim seja preservado ao mesmo tempo que o contempla com uso contemporâneo.

A ampliação lateral ao edifício restaurado complementa o conjunto arquitetônico de forma integrar a população a seus representantes. Através de uma reinterpretação do ritmo das aberturas das fachadas, busca-se integrar o exercício interno com o cotidiano da cidade. Tal como, por qualificar os espaços para atender às necessidades atuais e futuras da Câmara, de forma ampla e acessível, a fim de traçar uma linha que conecta o novo ao existente, por paredes que acolhem a memórias e idealizam o amanhã. Lugar este, onde o exercício da cidadania e a democracia encontram sua voz plena, ecoando por um espaço arquitetônico que une beleza, propósito e participação.

O projeto propõe a revitalização da Câmara dos Vereadores, integrando a preservação do edifício modernista existente e a construção de um novo prédio com linguagem contemporânea. A análise do entorno destacou elementos presentes nos edifícios históricos da região, como o uso de escadarias de acesso, colunas de apoio e proporções verticais das aberturas, elementos que foram reinterpretados e incorporados à proposta.
No prédio existente, foram resgatados os traços originais da arquitetura modernista, preservando detalhes e conceitos. Já o novo edifício, além de atender às demandas institucionais, busca estabelecer um diálogo respeitoso com a edificação histórica, recuando o térreo para evidenciar o volume original e incorporando os materiais e técnicas utilizadas nos edifícios do entorno mas alinhados com a tecnologia disponível atualmente.
A setorização foi pensada para otimizar o uso dos espaços e facilitar o acesso público. O prédio existente concentra o atendimento ao público, protocolo e memorial no térreo, enquanto as áreas administrativas ocupam o restante da planta com acesso controlado. O novo edifício organiza o plenário no térreo, para maior acessibilidade, com gabinetes e setores administrativos nos andares superiores. Dois subsolos foram projetados para abrigar 35 vagas de estacionamento. Um bloco central conecta as duas edificações e concentra a circulação vertical e horizontal, liberando o terreno para melhor ocupação.
As calçadas foram devolvidas aos pedestres, enquanto a ideia dos jardins presentes no projeto original foi resgatada. As novas áreas verdes são tomadas completamente por vegetação nativa e de baixa manutenção, como o capim dos pampas e a erva-mate, reforçando o paisagismo sustentável e promovendo um diálogo com o monumento ao chimarrão em frente à Câmara.
Questões técnicas e sustentáveis foram consideradas em todo o projeto: a fachada principal do novo edifício, sem aberturas voltadas ao norte, atua como barreira térmica, enquanto o átrio central promove ventilação natural por efeito chaminé, contribuindo para o conforto térmico interno. Nas demais fachadas, as aberturas permitem a entrada de luz natural de maneira controlada, e as paredes de fechamento são todas feitas em wood-frame, entregando uma obra limpa, rápida e sustentável.

Objetivos do Projeto
O projeto parte do programa detalhado e preserva integralmente a fachada modernista do edifício existente. O objetivo é modernizar as instalações, melhorar a funcionalidade e garantir acessibilidade, mantendo a identidade histórica.

Elementos do Projeto
Demolição e Nova Circulação Vertical

Foi necessária a demolição do bloco adjacente à Câmara para alocar uma nova escada e elevadores. Essa intervenção garante que a circulação vertical atenda tanto o novo edifício quanto o edifício existente, otimizando a movimentação entre os departamentos.

Disposição dos Departamentos

O programa foi organizado conforme o organograma e as necessidades de proximidade entre os departamentos. Isso criou um fluxo eficiente que organiza todo o edifício, mantendo a entrada principal pela Rua Comandante Salomoni e criando uma nova entrada para o público pela Av. Uruguai.

O novo fluxo leva ao novo edifício, onde o público pode se dirigir ao plenarinho e no percurso ver exposições e objetos históricos que preservam a memória da cidade e do edifício. Para acessar o Plenário, através do saguão principal, desce uma pavimento. Neste pavimento, estão dispostos o Plenário, sala anexa, gabinete da diretoria do legislativo, café e outras áreas, com entrada pela rua Uruguai.

Departamento de Comunicação

A entrada que acessava o antigo plenário foi mantida para concentrar o departamento de comunicação, que possui acesso interno e externo. Isso permite que, dependendo da atividade, funcionários ou convidados possam acessar o local diretamente. Foi criado um espaço de valorização da memória, destacando a obra em pintura na parede do espaço.

Arquitetura e Materiais

O projeto arquitetônico foi pensado para dialogar com a edificação existente. Utiliza vidro, concreto aparente e brises metálicos que auxiliam no conforto térmico, bem como efeito estético. O brise possui um design que remete aos caixilhos modernistas, funcionando como uma releitura do estilo original.

A fachada para a Avenida Uruguai destaca a passagem entre o antigo e novo edifício, com aberturas em dois andares emolduradas por empenas de concreto aparente. O objetivo é promover o bem estar dos funcionários e cidadãos que ali circulam, pois mesmo dentro do edificio temos a luz e ventilação natural entrando de forma abundante, também possui a simbologia de dar transparencia aos cidadãos a tudo que ocorre na Câmara

Conforto e Sustentabilidade

Consideramos a utilização de água de reuso, caixa de retardo e placas fotovoltaicas na cobertura.

O projeto inclui elevadores sem casa de máquina, o que permite dentro do gabarito acesso a cobertura, que terá uma área técnica e um espaço de convivência com deck, bancos vegetações.

Este projeto visa não apenas modernizar a infraestrutura da Câmara de Erechim, mas também criar um espaço que valoriza a história, a sustentabilidade e o bem-estar de seus usuários.

O projeto de ampliação da Câmara dos Vereadores de Erechim fundamenta-se em solidez, transparência e imparcialidade, refletindo esses pilares em cada decisão projetual. A proposta respeita o edifício existente, restaurando suas fachadas ao estilo original e valorizando sua arquitetura modernista. Paralelamente, o novo anexo é concebido para dialogar harmonicamente com esse patrimônio, utilizando uma estrutura de concreto aparente e uma fachada em chapa metálica circular perfurada, complementada por jardineiras integradas. Esses elementos filtram a luz solar, purificam o ar e aprimoram o microclima, contribuindo para a eficiência energética do edifício.

Soluções sustentáveis permeiam o projeto. Ele aproveita as águas pluviais, minimiza a dependência de ventilação mecânica e prioriza a reativação de áreas permeáveis no terreno, recuperando espaços atualmente ocupados por construções passíveis de demolição. Ao evitar a ocupação total do terreno para o subsolo, o projeto equilibra funcionalidade e integração ambiental, promovendo o aumento da área verde e a melhoria das condições climáticas locais.

Os fluxos internos são estrategicamente organizados para manter áreas restritas separadas do acesso público, garantindo segurança e funcionalidade, ao mesmo tempo em que preserva os usos existentes, como o plenário no edifício original. A estrutura foi desenhada para atender às necessidades institucionais da Câmara, mas também para criar um espaço democrático e acessível, que reflita os valores de imparcialidade e transparência.

A nova sede da Câmara dos Vereadores combina elementos arquitetônicos e paisagísticos de forma inovadora, respeitando o passado ao mesmo tempo em que aponta para um futuro sustentável. O uso consciente dos materiais, aliado à busca por eficiência energética e soluções bioclimáticas, consolida o projeto como um exemplo de arquitetura responsável e integrada ao contexto urbano. Este novo marco arquitetônico para Erechim propõe-se a ser não apenas um espaço funcional, mas também um símbolo de cidadania, sustentabilidade e diálogo entre tradição e modernidade.